Conferência Episcopal pede medidas fiscais que ajudem as famílias
Fátima, Santarém, 10 abr 2013 (Ecclesia) – Os bispos católicos de Portugal, reunidos em Fátima, aprovaram uma carta pastoral na qual alertam para os efeitos da “crise demográfica” no futuro do país, revelou hoje o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
“A crise que atravessamos também é reflexo da crise demográfica: numa sociedade em envelhecimento, as despesas públicas serão cada vez maiores” e as receitas “cada vez menores”, referem os prelados, num documento intitulado ‘Dar força à família em tempos de crise’.
A nota dos bispos sustenta que, neste cenário, o financiamento do Estado “há de ser cada vez mais problemático”, pelo que pede “medidas fiscais” que promovam o emprego dos mais jovens e “facilitem a conciliação entre o trabalho e a vida familiar”.
O padre Manuel Morujão, secretário da CEP, precisou que a crise demográfica é determinada por vários “fatores”, incluindo uma “mudança cultural” que faz prevalecer o “bem estar” sobre a “generosidade”.
“O contributo decisivo para vencer a crise demográfica situa-se no plano da cultura e da mentalidade: há que superar o cansaço moral e a falta de confiança no futuro”, refere a nota pastoral, frisando que “a vida é um dom que compensa todos os sacrifícios”.
O porta-voz da CEP defendeu que o Governo deve ter “prioridades”, num momento de restrições orçamentais, para responder às “urgências sociais que existem, não apenas a curto prazo”.
“As medidas têm de privilegiar os apoios sociais, para que a família progrida”, acrescentou o sacerdote, para quem é “imperioso” fazer mais do que tem sido feito neste campo, procurando “novas soluções”.
O texto alude ainda à importância das relações familiares para atenuar as consequências da crise.
“A crise económica e social que o nosso país atravessa vem evidenciando a riqueza que representa a família: tem sido a solidariedade familiar, que se traduz em solidariedade entre gerações, em muitos casos, o primeiro e mais seguro apoio de quem se vê a braços com o desemprego ou a queda abrupta dos rendimentos”, adiantou o padre Manuel Morujão, em conferência de imprensa.
A CEP realça que a situação do país está a colocar em causa a “satisfação de necessidades essenciais” para as famílias, como a da habitação, por exemplo.
“Este chamar à responsabilidade das famílias não é para desresponsabilizar os nossos governantes”, precisou o secretário do episcopado.
O porta-voz destacou também a necessidade de cultivar a “harmonia social” e evitar “convulsões”, face ao atual cenário, com uma “base alargada” de convergência “político-social”.
O sacerdote jesuíta sustentou que há pessoas “no limiar da subsistência” que dependem da ajuda de instituições de solidariedade da sociedade civil e da Igreja, as quais têm evitado “situações de fome graves”.
A assembleia plenária do organismo máximo do episcopado católico, que se iniciou na segunda-feira, está a discutir uma nota sobre o tema ‘Promover a renovação da Pastoral da Igreja em Portugal’.
Depois do encerramento da assembleia, esta quinta-feira, está marcada uma conferência de imprensa, às 14h30, na qual será apresentado o comunicado final.
OC
Notícia atualizada às 13h52