D. Manuel Linda considera que a Igreja e o Estado português têm de «falar» sobre este tema
Porto, 11 jan 2022 (Ecclesia) – O bispo do Porto apelou ao diálogo com o Estado sobre o património religioso que está à sua guarda, considerando que “não faz sentido” que continue com a gestão de espaços católicos de culto, mais de um século depois.
“Passados 110 anos após o Estado ter ficado com alguns monumentos será que ainda tem razão para continuar a ter à sua guarda um património religioso que comprovadamente não sabe defender como a Igreja?”, questionou D. Manuel Linda, esta segunda-feira, numa intervenção citada pela Rádio Renascença.
O bispo do Porto defendeu que o que “importa é lançar o diálogo” sobre esta questão do património.
“O Estado não abrirá mão assim sem mais nem menos. Mas, de qualquer maneira, temos de falar”, acrescentou à emissora católica na reabertura da igreja do Convento de S. Gonçalo, em Amarante, após obras de restauro.
D. Manuel Linda observou que não saber se “faz sentido que uma igreja”, como a de São Gonçalo, “seja património do Estado”.
“O Estado tem património chamado Igrejas? O Estado é laico, não precisa de ter isto”, acrescentou o bispo do Porto.
Esta segunda-feira, na sua conta na rede social Twitter, o responsável assumia “a alegria de dedicar o novo altar da igreja de Amarante, completamente restaurada”, dando os “parabéns ao pároco e ao Conselho Económico que “angariaram imensos fundos”.
Na Eucaristia, o bispo do Porto destacou a profunda vivência espiritual do Beato Gonçalo de Amarante, sublinhando que não era uma vivência desligada da realidade, mas empenhada no bem comum e no cuidado com o próximo.
Com esta inauguração da Igreja e Claustro de S. Gonçalo em Amarante, o norte de Portugal, a diocese do Porto e a cidade de Amarante viram reabrir uma beleza do seu património que está classificada como Monumento Nacional, refere o pároco, padre José Manuel Ferreira, em declarações ao semanário diocesano ‘Voz Portucalense’.
“Este projeto é muito particular, porque é um Monumento Nacional, não é propriedade da paróquia, mas do Estado, entregue e confiado à paróquia para uso da liturgia para as suas celebrações. A paróquia tem o cuidado e o dever da sua manutenção”, indicou.
O pároco de S. Gonçalo recordou ainda que a reabilitação desta Igreja só foi possível através da colaboração de entidades públicas e privadas, num processo liderado pela paróquia.
“Iniciamos um projeto inédito que é a paróquia assumir-se como dono da obra num edifício que é património do Estado e que concorre a fundos comunitários. Conta com a colaboração da Direção Regional da Cultura, do programa comunitário Norte 2020, com a Câmara Municipal de Amarante, a Fundação Manuel António da Mota, os paroquianos e os empresários da nossa terra. E contamos também com a devoção a S. Gonçalo, os peregrinos e devotos que com as suas esmolas fazem com que esta comunidade paroquial possa sonhar e realizar grandes projetos”, declarou o padre José Manuel Ferreira.
CB/OC