«Entre a Guarda Nacional Republicana e a população existe uma união feita de solidariedade, de confiança e de dedicação ao bem comum» – D. Rui Valério
Lisboa, 26 abr 2023 (Ecclesia) – O bispo das Forças Armadas e de Segurança presidiu hoje a uma Eucaristia pelo 112.º aniversário da Guarda Nacional Republicana (GNR), destacando o “serviço ao próximo” destes militares, na luta contra a criação de “guetos” sociais e culturais.
“Somos hoje chamados a construir universalidade, a lançar pontes de integração com os irmãos que nos procuram para construir as suas vidas. Instituições como a Igreja e a GNR possuem, pela sua história um saber e uma competência que são fulcrais para evitar que Portugal se transforme num país de guetos quer sociais, quer culturais”, disse D. Rui Valério, na homilia enviada à Agência ECCLESIA.
Na igreja dos Mártires, em Lisboa, o bispo das Forças Armadas e de Segurança assinalou que Portugal “há muito” deixou de ser “um país de emigração” e se tornou “terra de imigração”, “um fenómeno que já não é exclusivo das cidades, mas é transversal” ao país.
“Para além do hospitaleiro acolhimento também são necessários passos concretos de integração para prevenir gemas de exclusão, formadas por pessoas que se auto marginalizam. A GNR, pela índole territorial da sua atuação, tem, a este propósito, uma assertividade que é crucial que, uma vez mais, a coloca na linha da frente duma urgência e necessidade nacional”, explicou, sobre um dos dois desafios concretos, entre muitos, que percebe para esta instituição militar na atualidade.
Para o bispo das Forças Armadas e de Segurança, o primeiro desafio é “a cultura antiética” que está a “corroer” o sujeito individual, mas também algumas instituições, e este dado não os “deve constituir juízes a emitir julgamentos de ações alheias”, mas deve incrementar “o sentido do rigor, da justiça, da verdade, da honra e da disciplina”.
Sejamos arautos da retidão, servidores sim, mas servidores de cara erguida pela força e nobreza dos valores e da ética que nos anima e conduz. Vislumbro na Guarda Nacional Republicana uma dimensão profética quando não abdica dos valores estruturantes da civilização e construtores de sociedades sãs. Hoje, vivemos numa sociedade culturalmente definida por niilista onde impera o vazio de ideias, de valores, de objetivos”.
D. Rui Valério lembrou que os militares da GNR, desenvolvem as mais diversas ações em situações e circunstâncias díspares – nas localidades, ou nas estradas, no mar ou nas florestas, a combater incêndios ou a criminalidade, recebendo ou acompanhando altas entidades portuguesas ou estrangeiras – onde “oferecem o melhor de si pela Nação e pelas pessoas”, e também além-fronteiras procuram ser “construtores de paz”, como na Turquia e na Síria, na República Centro Africana, no Mediterrâneo.
“A vossa missão exprime-se no serviço ao próximo e compromete-vos cada dia a corresponder à confiança e estima que as pessoas depositam em vós. Isso exige disponibilidade, paciência, espírito de sacrifício e sentido do dever de forma constante e permanente. No vosso trabalho sois auxiliados por uma história escrita por fiéis e dedicados servidores da Nação, que honraram a GNR com o sacrifício de si mesmos”, apontou.
CB/OC