Portugal: Bispo da Guarda pede aproveitamento do QREN e fim das polémicas

D. Manuel Felício sublinha necessidade de desenvolver o Interior e promover políticas de emprego

Guarda, 13 mar 2012 (Ecclesia) – O bispo da Guarda pediu hoje uma “discriminação positiva” para zonas mais carenciadas do país, na aplicação dos fundos do QREN (Quadro de Referência Estratégica Nacional), colocando de parte polémicas sobre a sua gestão pelo Governo.

“Não temos opinião sobre qual o setor do Estado que está mais vocacionado para liderar e tutelar este importante instrumento do desenvolvimento da nossa economia. Mas há critérios que o cidadão comum tem direito a ver respeitados e aplicados”, refere D. Manuel Felício, em texto publicado na mais recente edição do Semanário Agência ECLESIA.

Para este responsável, é prioritário “fixar gente nestas zonas do interior”, frisando que “se lhes forem criadas condições, os jovens, depois da sua formação académica e profissional, não se ausentam”.

“A todos nos é pedida a coragem de aproveitar as oportunidades que este QREN nos oferece para evitar que o desemprego continue a disparar, como está, e a economia acabe por se afundar”, apela.

O Governo formalizou na última quarta-feira a criação da comissão que vai passar a gerir os fundos comunitários, com o Ministério das Finanças a liderar o grupo interministerial que integra outros sete organismos.

O bispo da Guarda desafia os responsáveis políticos a “rejeitar cautelas exclusivamente centradas em fugir à comparticipação portuguesa na aplicação destes fundos”, considerando que “se a máquina do Estado não tem os 15% que é preciso aplicar em projetos determinados para se conseguir que venham os 85% dos fundos comunitários, é preciso motivar os particulares, individualmente ou associados, para garantirem essa percentagem”.

“É possível garantir o concurso da poupança, ainda bastante generalizada, das pessoas que temos espalhadas pelo nosso Interior”, assegura.

Mais do que “reformas de gabinete anunciadas” sobre o novo mapa administrativo do país, D. Manuel Felício propõe um “relançamento da economia”, sobretudo nos ambientes mais votados ao abandono, que passa pela “proximidade às populações locais”.

“Há muito tempo que se vive no nosso país a dificuldade de conjugar desenvolvimento com equilíbrio das contas públicas, mas também a dificuldade em promover um modelo de desenvolvimento que desfaça assimetrias e promova equilíbrio, nomeadamente entre o Interior e o Litoral”, lamenta.

Até 2013, indica o prelado, é necessário “executar os 60% ainda não utilizados do atual QREN”, a bem das populações e para “maior equilíbrio” da economia.

“É necessário direcionar estes fundos do QREN prioritariamente para colocar as pessoas na atividade produtiva, a começar pelo grande número de jovens que temos em Portugal creditados com diplomas de ensino superior, mas fora do trabalho”, assinala.

OC

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