Arquidiocese partilhou preocupações com «o despovoamento e a migração no Alentejo»
Évora, 04 dez 2019 (Ecclesia) – O arcebispo de Évora afirmou hoje que o “interior merece um tratamento específico” porque “é uma possibilidade em aberto”, na apresentação de um documento que alerta para ‘o despovoamento e a migração no Alentejo’.
“O interior merece um tratamento específico, assim como a insularidade tem um tratamento específico, o interior devia ter também num conjunto de iniciativas que facilitassem a nível fiscal e incentivassem a vinda de empresas para esta região. O interior não pode ser considerado como um peso mas como uma possibilidade”, disse hoje D. Francisco Senra Coelho, em conferência de imprensa.
Na apresentação do novo documento ‘Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Évora preocupada com o Despovoamento e a Migração no Alentejo’, o arcebispo realçou que gostariam “muito de colaborar, como realidade atenta à pessoa humana”, com todos os que chega a este território.
“Era importante que houvesse atenção muito grande a este acolhimento, a importância de perceber como são inseridos os migrantes que aqui chegam. Importa que colaboremos todos nessa dimensão”, acrescentou.
D. Francisco Senra Coelho exemplificou que a arquidiocese “se preocupa no acolhimento” e todos os anos dinamizam a festa dos povos, por isso, conhecem “com alguma especificidade a rede humana envolvente” de quem chega ao Alentejo.
O arcebispo observou que a problemática de despovoamento é “cada vez mais evidente” e alertou que quem emigra não teve “lugar à mesa da sociedade portuguesa ou que desejavam para o qual trabalharam afincadamente, muitas vezes, com o contributo de todos” no ensino universitário público e estatal e nos politécnicos e nas escolas profissionais.
Destacando a importância da universidade, explicou que podem ter no Alentejo “uma proposta, oferta de emprego, serviço a partir da investigação, da tecnologia de alta qualidade e um trabalho ais em colaboração com a Universidade.”
“O desinvestimento no interior gerou um conjunto de encerramentos, por motivos económicos, por falta de autossustentabilidade encerraram muitos serviços a nível da saúde, centenas de escolas, diversos postos de serviço público. Um convite à partida da nossa região”, desenvolveu.
Neste contexto, observou que a mensagem é que “não merece investir, nem estar” no Alentejo se estão “a levantar as tendas para encerrar o acampamento”.
“Esta humanidade que hoje atravessa momentos muito críticos aspira, como nós também aspiramos, por um mundo melhor onde a justiça e a paz sejam de facto os grandes sinais distintivos”, disse o assistente da Comissão Justiça e Paz, o cónego Silvestre Marques.
A vice-presidente da recente comissão, Maria Cristina Ferreira, afirmou que “é dever alertar” e levar as pessoas a fazer uma reflexão “sobre aquilo que está mal mas sobretudo sobre aquilo tudo que se pode fazer e não está a ser feito” e alertou para a “muitíssima pobreza envergonhada, muitíssimas pessoas que poderiam acorrer aos serviços de instituições mas não fazem por desconhecimento”.
A Diocese de Évora é a mais extensa de Portugal e tem também com sete concelhos do Distrito de Portalegre, um concelho do Distrito de Setúbal e dois concelhos de Santarém.
HM/CB