Há mais 44 mil crianças em risco de pobreza no país do que em 2023, alertam organizações sociais, entidades, peritos e académicos
Lisboa, 20 nov 2024 (Ecclesia) – A EAPN Portugal/Rede Europeia Anti-Pobreza e 10 organizações, entidades, peritos e académicos alertaram num apelo conjunto para o número de crianças que vivem em risco de pobreza, pedindo que sejam vistas como prioridade.
Os subscritores advertem que “os últimos dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que reportam aos rendimentos de 2022, revelam um aumento da taxa de pobreza infantil – 347 mil crianças em risco de pobreza monetária (mais 44 mil do que no ano anterior)”, pode ler-se na mensagem enviada à Agência Ecclesia.
Em 2023, uma em cada cinco crianças encontrava-se em risco de pobreza.
“As crianças constituem o grupo etário que regista a maior taxa de risco de pobreza e também aquele em que se observa uma evolução mais desfavorável deste indicador”, sublinham.
Divulgado no dia em que se comemoram 35 anos da adoção da Convenção sobre os Direitos da Criança, o apelo refere que é preciso “centrar as atenções nas causas e na melhor forma de o debelar, utilizando todos os recursos disponíveis, é prioritário conhecer o problema, sabendo que são múltiplos os seus contornos”.
“O diagnóstico rigoroso e atual do problema leva-nos a uma ação mais consciente e eficiente e é necessário imprimir alguma mudança na intervenção nesta área específica da infância”, referem os subscritores do apelo, avisando para o risco de não “chegar às crianças, privando-as de uma infância capaz de impulsionar o seu potencial”.
Na mensagem, as organizações, entidades e académicos apelam por um investimento em várias áreas como a implementação de políticas dirigidas ao rendimento das famílias com crianças; projetos de promoção e reforço dos direitos e bem-estar das crianças; e a auscultação dos pais e das crianças que se encontram em situação de pobreza.
“Os números da pobreza infantil fazem-nos acreditar que as políticas postas em marcha não têm sido capazes de atacar o problema, por forma a resolvê-lo”, indica o apelo, que acrescenta que este cenário deixa “um sentimento de perplexidade, porque face a tantas conquistas efetuadas nos vários domínios da vida social, económica, cultural, científica e tecnológica”, país continua muito atrasado “relativamente a conquistas em favor do bem-estar das crianças”
O documento, assinado pelo Instituto de Apoio à Criança, Cáritas Portuguesa, Associação de Solidariedade e Ação de Santo Tirso e vários académicos, foi criado no âmbito do Grupo de Trabalho da Pobreza Infantil, dinamizado pela EAPN Portugal / Rede Europeia Anti-Pobreza, após a demonstração de várias preocupações sobre o contexto atual deste fenómeno.
O Governo apresentou hoje uma nova campanha nacional pelo acolhimento familiar, pretendendo informar e sensibilizar para a necessidade de aumento de famílias neste contexto.
Em Portugal existem 356 crianças em famílias de acolhimento, sendo este um número, segundo a secretária de Estado da Ação Social e da Inclusão, Clara Marques Mendes, “bastante residual”, face ao total de crianças institucionalizadas, informa a Lusa.
LJ/OC