Portugal: «Acolher migrantes não é uma opção política», afirma presidente da peregrinação a Fátima

D. Joan-Enric Vives, que trabalhou com a comunidade emigrante portuguesa em Andorra, apelou a um empenho ativo «na defesa dos direitos humanos dos migrantes»

Foto Agência ECCLESIA/PR, Procissão das Velas na Peregrinação de 12 e 13 de Agosto de 2025

Fátima, 12 ago 2025 (Ecclesia) – O presidente da Peregrinação do Migrante e Refugiado a Fátima afirmou na homilia da celebração da Palavra, após a Procissão das Velas, que é necessário defender os “direitos humanos dos migrantes” e que o acolhimento “não é uma opção política”.

“Acolher migrantes não é uma opção política; é uma exigência evangélica. Significa defender a dignidade sagrada de cada ser humano, criado à imagem de Deus. Devemos reconhecer o rosto de Cristo no migrante”, afirmou D. Joan-Enric Vives i Sicília.

A Peregrinação Nacional do Migrante e do Refugiado a Fátima, nos dias 12 e 13 de agosto, é presidido por D. Joan-Enric Vives i Sicília, bispo emérito de Urgel, diocese espanhola de que faz parte o Principado de Andorra, e insere-se na Semana Nacional das Migrações, promovida pela Obra Católica Portuguesa de Migrações, da Conferência Episcopal Portuguesa, entre os dias 10 e 17 de agosto, sobre o tema “Migrantes Missionários da Esperança”.

Após a oração do Rosário e a Procissão das Velas no recinto do Santuário de Fátima, D. Joan-Enric Vives afirmou que Nossa Senhora convida a um empenho ativo “na defesa dos direitos humanos dos migrantes”.

O arcebispo emérito de Urgel referiu o “direito de deixar o seu país por necessidade ou em busca de liberdade”, o “direito a ser tratado com dignidade em qualquer fronteira”, o “direito a fazer parte de uma sociedade que não exclui, mas acolhe e integra, e que promove a fraternidade”.

O acolhimento é sinal e revelação da verdadeira fé e amor. Não se trata apenas de caridade, mas também de justiça”.

“A verdadeira fé leva-nos a construir pontes, e não muros. Faz-nos experimentar a fraternidade com cada ser humano, que é irmão e irmã. Devemos sempre estender a mão, não fechar os olhos”, afirmou D. Joan-Enric Vives.

O presidente da Peregrinação Nacional do Migrante e do Refugiado a Fátima lembrou que a “história portuguesa está marcada por uma e longa história de emigração”, com muitos concidadãos a partir “em busca de melhores condições de vida”.

“Hoje, Portugal acolhe muitos que aqui chegam com os mesmos sonhos. Somos, pois, chamados à coerência histórica e evangélica”, indicou.

D. Joan-Enric Vives referiu que “a emigração, os migrantes não são um problema”, antes um “sinal dos tempos que exige uma leitura evangélica e uma resposta solidária”, lembrando os quatro verbos do Papa Francisco para definir a atitude cristã face à migração: “acolher, proteger, promover e integrar”.

“Estes são um verdadeiro programa pastoral, social, político e religioso e humano”, indicou.

Na homilia da Celebração da Palavra, D. Joan-Enric Vives recordou as aparições de Nossa Senhora em Fátima, em 1917, afirmando que “as suas palavras continuam relevantes”.

“O mundo ainda está ferido por guerras, divisões, fome… e pela tragédia do êxodo de tantos irmãos e irmãs migrantes em busca de um lugar para viver com dignidade”.

O arcebispo emérito de Urgel lembrou que os migrantes partem em busca de um “futuro melhor” e muitas vezes encontram “rejeição ou indiferença”.

“Todos os dias, homens, mulheres e crianças atravessam fronteiras em busca do mesmo que todos desejamos: paz, trabalho, segurança e um futuro melhor. E muitas vezes o que encontram é suspeita, rejeição ou indiferença”, lamentou.

Na homilia da noite do dia 12 de agosto, D. Joan-Enric Vives desafiou os peregrinos a abrir as fronteiras e sobretudo os corações para fomentar a hospitalidade, porque todas as pessoas são ou foram “migrantes em terra estrangeira”.

De acordo com o Santuário de Fátima, participam na Peregrinação Nacional do Migrante e do Refugiado 60 mil pessoas e 50 grupos da África, da América, da Ásia e da Europa,

PR

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