Expressões da devoção mariana na Batalha de Ourique, na vitória em Aljubarrota e na Restauração da Independência referidas pelo investigador Alberto Júlio Silva
Lisboa, 08 dez 2016 (Ecclesia) – O investigador Alberto Júlio Silva disse que a festa da Imaculada Conceição está enraizada na “fé dos portugueses” e na História de Portugal e recordou que a devação mariana evidencia-se nos conflitos que levaram à “formação da nacionalidade”.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, o historiador recorda que apesar de o dogma da Imaculada Conceição ter sido instituído em 1854, pelo Papa Pio IX, esta devoção está inscrita na fé dos portugueses praticamente desde a “formação da nacionalidade”.
“Em Lisboa, a primeira festa da Imaculada Conceição foi celebrada pelo primeiro bispo da diocese, D. Gilberto Hastings, no dia 8 de dezembro de 1149, após a reconquista da cidade aos mouros”, frisa Alberto Júlio, autor, entre outras, das obras ‘Os nossos Santos e Beatos’ e ‘Lugares santos de Portugal’.
Na sua análise, aquele responsável aponta três grandes momentos que atestam esta “longa” ligação com Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Portugal, curiosamente “três grandes momentos de conflito, sobre a nossa identidade e nacionalidade”.
O primeiro depois da vitória portuguesa na Batalha de Ourique, em 1139, em que aquele que seria o primeiro rei nacional, D. Afonso Henriques, manda construir uma igreja em honra de Santa Maria, em Guimarães, a cidade-berço.
Mais tarde, com a vitória sobre os castelhanos em Aljubarrota em 1385, no reinado de D. João I; e com a proclamação da independência portuguesa em 1640, já sob a vigência de D. João IV.
Foi este rei que proclamou Nossa Senhora da Conceição como padroeira de Portugal.
“D. João IV pegou na devoção que era dos seus antepassados”, realça Aberto Júlio, que destaca a forma como esta “devoção popular impôs na Igreja Católica algo que só foi proclamado dogmaticamente mais tarde”.
O significado de ‘imaculada conceição’ é “um privilégio dado a Maria” em que a Igreja Católica afirma “o facto de ela ter nascido sem pecado original”.
“Grandes santos opuseram-se a esta ideia porque achavam que era incorreta e excluía a redenção universal de Cristo”, refere o investigador.
O tema está hoje em destaque na emissão do Programa ECCLESIA na RTP2, a partir das 15h30.
HM/JCP/PR