Padre Samuel Guedes foi o notário do processo de beatificação no Tribunal Eclesiástico
Paços de Ferreira, Porto, 02 abr 2016 (Ecclesia) – O vigário da Vigararia de Paços de Ferreira, na Diocese do Porto, considera que a Venerável Sílvia Cardoso foi uma “mulher extraordinária” que dedicou a vida aos outros e destaca dos seus escritos a “espiritualidade muito profunda”.
”A espiritualidade é muito profunda, interessante, não é fácil de ler, temos dificuldade em entender. A sua oração era algo de extraordinário, a Sílvia Cardoso era capaz de mergulhar profundamente no mistério da oração e comunicar com Deus de forma extraordinária que entusiasma a todos ler”, revelou o padre Samuel Guedes.
À Agência ECCLESIA, o sacerdote comenta que essa espiritualidade, de uma “oração tão próxima do coração de Deus”, “deve ser investigada” porque pode-se “tirar muito para a própria espiritualidade”.
O responsável da Vigararia de Paços de Ferreira, que no seu 4.º ano de Teologia foi o notário do processo de beatificação de Sílvia Cardoso, no Tribunal Eclesiástico da Diocese do Porto, manifesta o desejo de que “o mundo académico se interessasse pela causa”.
O padre Samuel Guedes que leu e assinou toda a “obra extraordinária, com cinco mil páginas”, considera que existe “material suficiente para conduzir uma tese de doutoramento, de investigação”, e revela que já “mostraram essa vontade” à Universidade Católica Portuguesa.
Neste contexto, o sacerdote destaca a importância de num processo de beatificação haver “teólogos a estudar, a confirmar e mostrar o caminho, que é o certo” para declarar a beatificação.
Para o sacerdote, após o decreto da venerabilidade, dos processos de estudo e trabalho científico, existe o processo da beatificação mas a preocupação agora “é dar a conhecer mais” a serva de Deus porque “tem de haver vontade do povo” que exista ligação aquela figura.
Nesse sentido, revela que querem que os mais novos conheçam Sílvia Cardoso e destaca um livro que conta essa história de vida, “de forma simpática, ao jeito de conto”, da autoria do padre José Alfredo.
Outra preocupação dos padres da Vigararia de Paços de Ferreira, adianta o seu vigário, é a criação de um centro dedicado à “reflexão, à meditação”, dando continuidade ao trabalho e “preocupação” da venerável com a “formação de leigos, com a espiritualidade”.
Sílvia Cardoso Ferreira da Silva, mais conhecida por ‘Dona Sílvia’ (1882-1950), representa “uma mulher extraordinária” que era proveniente de uma “família abastada, com bens” e foi capaz de os “renunciar” e na sua humildade distinguiu-se pelo compromisso num “trabalho extraordinário”, que “hoje chama-se de social”.
O sacerdote refere ainda que existem pessoas que a conheceram e lembram-se da venerável “pedir para os pobres, para a assistência”, nas feiras, com a ajuda de outras pessoas.
O padre Samuel Guedes considera que a cerimónia de trasladação dos restos mortais de Sílvia Cardoso do cemitério para a igreja paroquial, neste domingo, vai ser um “acontecimento histórico” vivido por si com uma “alegria muito grande”.
“Foi escolhido um espaço acolhedor para a urna para que quem a queira venerar conhecer, ali rezar e agradecer as graças que por sua interceção possa ter recebido e pedir para que no futuro Deus possa conceder por interceção dela as maiores graças possíveis”, explica ainda.
IM/CB