«Um grande órgão de tubos, um grande coro e uma grande orquestra é algo bem radical», refere o coordenador da formação
Lisboa, 29 set 2016 (Ecclesia) – A Escola das Artes e a Faculdade de Teologia, da Universidade Católica Portuguesa no Porto, promovem uma pós-graduação em Música Sacra que vai permitir aos alunos “tocar, cantar e dirigir adequadamente”, entender o ministério da música e a tradição.
“Visamos oferecer uma formação que permita a estes músicos não só tocar, cantar e dirigir adequadamente como entender a especificidade do ministério da música na Igreja. Conhecer e entender a tradição, os reportórios e, evidentemente, reenquadrá-los, desenvolver novos ou pelo menos contribuir para o seu desenvolvimento”, explica Pedro Monteiro à Agência ECCLESIA sobre a proposta formativa.
Segundo o coordenador, a pós-graduação em Música Sacra foi organizada tento presente que a realidade da Música Sacra “é muito abrangente” e muito diversificada “não só pela enorme tradição desde os augúrios” da cultura cristã mas também pela multiplicidade de culturas que têm as suas expressões, artísticas, musicais e “litúrgico-musicais”.
A formação começa a 7 de outubro e o Campus Foz da UCP-Porto vai receber dois perfis de alunos, “mais ou menos nucleares”, o profissional “com pouca experiência litúrgica” e o amador que tem “bastante experiência mas algumas lacunas” na formação musical.
“[Alunos] que já estão no terreno há bastante tempo, pessoas musicalmente amadores que se dedicam no seu part-time a cuidar da música nas celebrações. Por outro lado, o perfil do músico profissional, quer da área da música antiga quer da área mais ou menos mais mainstream da música clássica, que vai-se dedicando também às celebrações litúrgicas e aos concertos”, exemplifica Pedro Monteiro.
O responsável, o único doutorado em teoria e análise da Música Sacra do século XX na Península Ibérica, considera que “um grande órgão de tubos, um grande coro e uma grande orquestra é algo bem radical” e, nesse sentido, a música sacra tem “um interesse renascido”.
“Em primeiro lugar com o restauro de órgãos, com a construção de novos instrumentos, por outro lado, por um interesse geral pela música sacra até mais de concerto, não a música sacra ou a música litúrgica que se faz nas celebrações”, observa o coordenador da pós-graduação em Música Sacra da UCP.
Segundo Pedro Monteiro existe “toda uma geração de jovens, ou não tão jovens músicos”, dedicados e interessados em especializar-se nessa área e na Igreja também há interesse em “acolhe-los e dar-lhes algum enquadramento” para diversificar o que têm sido as atividades musicais da Igreja na segunda metade do século XX, no pós-Concílio Vaticano II.
Da fase da “excessiva teatralização, até das celebrações musicais”, ao “decréscimo enorme da qualidade” em favor de uma maior acessibilidade para o público em geral, agora procura-se “reequilibrar” estas vertentes pela “multiplicidade das necessidades” das assembleias de hoje.
“Numa assembleia cabem todas as culturas, todas as expressões culturais nomeadamente a música das comunidades”, observou o coordenador da pós-graduação em Musica Sacra que tem dedicado a sua vida e percursos artístico e académico a este género musical, em Portugal, Alemanha, Espanha e Macau.
O curso da Escola das Artes e da Faculdade de Teologia do polo regional da UCP no Porto, tem a duração de um ano, as aulas são às sextas-feiras, das 18h30 às 21h30, e aos sábados, das 09h00 às 13h00, no Campus Foz.
HM/CB