«O desafio é que os alunos possam tecer relações mais abertas do que aquilo que é a comunidade interna do seminário» – D. Vitorino Soares
Porto, 05 nov 2024 (Ecclesia) – O reitor do Seminário Maior do Porto destacou que neste ano letivo 2024/2025 estão “a valorizar muito mais a ligação à família, muito mais a ligação à comunidade” dos seus alunos, para além da “comunidade interna do seminário”.
“O desafio é que os alunos que estão no seminário, os seminaristas, possam tecer relações mais abertas do que aquilo que é a comunidade interna do seminário”, disse D. Vitorino Soares, em declarações à Agência ECCLESIA, no contexto da Semana de Oração pelos Seminários 2024.
O reitor do Seminário Maior do Porto destacou que este ano letivo estão “a valorizar muito mais a ligação à família, muito mais a ligação à comunidade”, por isso, os fins de semana dos seminaristas são passados, “quase todos, nas famílias ou nas comunidades”, para “detetarem também aquilo que é a realidade”.
“Eu tenho muito receio mesmo, como responsável, que a formação que nós damos internamente esteja desfocada daquilo que é a própria realidade”, assume.
Estamos a preparar sacerdotes que depois vão confrontar-se com uma realidade diferente daquela que imaginavam ou para a qual foram preparados enquanto estavam dentro do seminário. E, portanto, esta ligação à família, esta ligação à comunidade, que também tem parte ativa na formação e que, a meu ver, também devia ter uma parte ativa naquilo que é a decisão, numa ordenação, numa confirmação deste candidato. Eu suponho que as comunidades também deviam ser ouvidas e, portanto, as comunidades têm que conhecer os candidatos, a sua comunidade de residência, com certeza, mas a comunidade também é onde trabalha pastoralmente”.
Nas nomeações para o ano pastoral 2023/2024, o bispo do Porto anunciou a implementação do “Tempo Propedêutico” no Seminário Maior da diocese, antes do início do estudo da Teologia, que, este ano tem os seus primeiros formandos.
“Este propedêutico é um ano zero, se quisermos de transição, para aqueles que serão candidatos ao Seminário Maior. Por isso, mesmo aqueles que vêm do seminário menor, com o 12.º ano feito, fazem esta pausa. E todos aqueles, naturalmente, que se propõem também ao seminário maior, que querem ser candidatos, vão ter que passar por esta fase”, explicou D. Vitorino Soares, acrescentando que este ano propedêutico, para além de ser uma proposta dos documentos da Igreja, “será também um tempo experimental”, que vão “ver, ajustar, com certeza, ratificar, e ver o que será melhor no próximo ano”.
O reitor do Seminário Maior do Porto salienta que este ano de paragem pretende, por exemplo, que os seminaristas “sejam capazes de criar uma comunidade, saber viver a comunidade, saber aceitar o outro”, e segue, fundamentalmente, “numa linha de formação humana, e de uma base de alguma espiritualidade”.
“Por isso, não temos vida académica, não temos preocupação com estudos, temos outro tipo de preocupações, que esperemos vir a colmatar algumas lacunas que nós íamos verificando exatamente já no seminário maior”, acrescentou o também bispo auxiliar do Porto.
O Seminário Maior de Nossa Senhora da Conceição da Diocese do Porto recebe alunos de outras dioceses portuguesas, nomeadamente Vila Real e Coimbra, e, desde este ano letivo 2024/2025, da Diocese de Angra, dois estão no “Tempo Propedêutico” e outros dois na Faculdade de Teologia da UCP.
“Quanto mais dioceses tivermos mais beneficiamos. É um serviço que prestamos a todos, mas do qual nós acabámos também por receber o reverso dessa mesma medalha. Termos aqui alunos de Angra só nos vem beneficiar como família, como comunidade formativa”, salientou D. Vitorino Soares, realçando que para estes seminaristas encontraram também “famílias de acolhimento”, que, ao fim de semana, recebem esses alunos “em suas casas e vivem exatamente quase como filhos adotados ali”, e assegura que é “uma fórmula que está a resultar”.
CB/OC
A Igreja Católica em Portugal está a celebrar a Semana de Oração pelos Seminários 2024, até dia 10 de novembro, com o tema ‘Que posso eu esperar?’, do livro dos Salmos, escolhido pela Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios (CEVM), da Conferência Episcopal Portuguesa.
O reitor do Seminário Maior do Porto explicou que vão viver esta semana “um pouquinho virados para fora do seminário”, com uma noite que “é uma vigília de oração aberta fundamentalmente aos jovens”, para poderem entrar, “ver a casa, ver o espaço, e tocar de perto aquilo que são os movimentos também de um seminarista”. No fim de semana, com os seminaristas nas comunidades ou nas famílias, o convite é que essa presença seja “mais testemunhal e possam dar a conhecer uma realidade que possa cativar e, entusiasmar outros jovens”. D. Vitorino Soares, que é também o presidente da CEVM, destaca que outro momento significativo da Semana dos Seminários no Porto é um encontro com os padres jubilares, sacerdote que celebram 25, 50, 60 e 70 de ordenação, e vai ser um “sinal e provocação para o envolvimento do clero na formação do Seminário”. A Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios publicou também materiais de oração, divulgação e reflexão para a Igreja Católica viver e celebrar a Semana dos Seminários 2024, que este ano foram elaborados pelos formadores dos seminários da Arquidiocese de Braga. |