Iniciativa tem servido «entre 530 e 550» refeições diárias, manifestando proximidade «junto dos mais frágeis»
Porto, 10 dez 2020 (Ecclesia) – O pároco da Senhora da Conceição, na Diocese do Porto, disse hoje à Agência ECCLESIA que tem recebido muita gente “à procura de comida” no projeto ‘Porta Solidária’, servindo entre “530 e 550 (refeições) por dia” e preparando já o Natal.
“Pensamos que este número pode vir a crescer quando efetivamente tivermos os efeitos na economia portuguesa geradores de desemprego, que já se notam por causa dos empregos precários, ligados ao turismo, possa aumentar muito o número de pessoas que procura alimentação”, referiu o padre Rubens Marques.
O sacerdote identifica um novo perfil de pessoas que vai “receber o kit de alimentação” do projeto ‘Porta Solidária’, com muitas famílias onde a pandemia gerou desemprego, num ou nos dois membros adultos do casal, para além das pessoas em situação de sem-abrigo e os “reformados que vivem sozinhos em quartos de pensão, sem terem dinheiro para alimentação”.
“Vem também procurar alimentação muita gente que já esteve na classe média e agora, com o desemprego, precisa mesmo desta ajuda”, acrescenta.
A paróquia, na Praça Marquês de Pombal, proporciona ajuda de emergência em regime de take-away, por causa da Covid-19.
O bispo do Porto publicou hoje uma mensagem, na sua conta na rede social Twitter, a informar que “só a ‘Porta Solidária’, de março a novembro, serviu 113 710 refeições”: “É obra! A providência de Deus e a colaboração generosa de «gente com coração» não deixou faltar nada. A consoada será no dia 24, das 17h00 às 20h30”. |
O padre Rubens Marques adiantou que D. Manuel Linda vai estar “presente, algum tempo, durante o serviço da entrega da consoada, no dia 24”, e destacou que o bispo do Porto “tem estado sempre muito próximo deste serviço da ‘Porta Solidária’ desde o início da pandemia”, sendo “uma grande ajuda” e “tem cativado também várias ofertas”.
“A presença do Sr. D. Manuel é para expressar que a Igreja está muito próxima de todos e, como é sua obrigação, próxima dos mais pobres. É tornar próximo, como bispo da diocese, junto dos mais frágeis”, assinalou o pároco da Senhora da Conceição.
O sacerdote observa que mantêm com a ‘Porta Solidária’ “aberta todos os dias, por isso, também nos dias das festas”, a 24, 25 e 31 de dezembro e 1 de janeiro, o serviço de apoio vai funcionar.
“No dia 24, desde há 10 anos que distribuímos a consoada tradicional com batatas e bacalhau, estando as pessoas sentadas à mesa, com grande ambiente natalício. Este ano o ambiente natalício vai-se manter, mas a consoada será servida em take-away”, acrescenta.
O padre Rubens Marques indicou que vão servir o “tradicional bacalhau com batatas, uma garrafinha pequena de vinho do Porto”, “uma fatia de bolo-rei, uma oferta a cada um de uma imagem do Menino Jesus”, e uma prenda.
As pessoas que procuram este serviço solidário da paróquia do Marquês, no Porto, no dia 24 de dezembro, antes de chegarem ao ponto da distribuição da refeição quente, com uma sopa, vão receber “o saco com a prenda, onde vão essas ofertas, além do kit habitual com três sandes, uma peça de fruta, e um iogurte”.
“Nem todos são crentes, naturalmente, mas nós somos, por isso, partilhamos aquilo em que acreditamos”, realçou, sobre a oferta de uma imagem do Menino Jesus.
Queremos sobretudo criar uma grande proximidade junto de todos, começando pelos mais frágeis e mais pobres na nossa diocese. Estamos a viver o tempo do Advento e Natal com o tema ‘todos irmãos, todos de casa’ e tudo será feito no sentido de nos sentirmos cada vez mais todos de casa. Numa casa comum onde devemos cuidar uns dos outros”.
Segundo o padre Rubens Marques, na linha da recente encíclica do Papa Francisco ‘Fratelli Tutti’ “é importante desconfinar a fraternidade”, com obras concretas, para que, “cada vez mais, todos sintam que o mundo é uma casa comum e se possa globalizar a ajuda, o cuidado, o amor e a proximidade junto de todos”.
O pároco da Senhora da Conceição, que dinamiza com um conjunto de voluntários o projeto ‘Porta Solidária’ desde 2009, afirma ainda que “desconfinar a fraternidade passa por pensar, rezar e agir”.
CB/OC