Porto/Óbito: D. António Francisco dos Santos era encontrado nos «sítios mais normais e mais surpreendentes» – Carlos Magno

Porto, 13 set 2017 (Ecclesia) – Carlos Magno, presidente do Conselho Regulador da Entidade Reguladora para a Comunicação (ERC), recorda que o bispo do Porto “era um amigo daqueles que já não se fabricam”, um homem simples com “um sorriso permanente”.

“Independentemente da sua condição de bispo, da sua condição de intelectual, que era e muito, era de uma simplicidade desarmante”, disse à Agência ECCLESIA.

O corpo do bispo do Porto está hoje em câmara ardente até à celebração exequial, pelas 15h00, na Sé; o prelado faleceu na manhã de segunda-feira, na Casa Episcopal.

Carlos Magno recorda que conheceu e ficou amigo de D. António Francisco dos Santos quando o ainda era bispo da Diocese de Aveiro, no Doutoramento Honoris causa do filósofo francês Gilles Lipovetsky.

“Apareceu um senhor no meio da multidão a dizer que gostava que o apresentasse e juntei-os”, acrescenta.

Já a última vez que se encontraram foi no Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto, a visitar a exposição ‘A Cidade Global – Lisboa no Renascimento’, e, por isso, habituou-se a “encontra-lo nos sítios mais normais e ao mesmo tempo mais surpreendentes”.

O presidente da ERC recorda também que esteve com D. António Francisco dos Santos na condecoração póstuma a D. António Ferreira Gomes (1906-1989), bispo do Porto entre 1952 e 1982, pelo presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no âmbito das comemorações do 43.º aniversário do 25 de abril.

“Encontrei D. António Francisco com a medalha póstuma e só disse que fica-lhe bem”, revelou, sobre o encontro na cerimónia onde foram ainda distinguidos o arquiteto Siza Vieira e, também a título póstumo, o antigo primeiro-Ministro português Francisco Sá Carneiro.

Carlos Magno explica que “sempre” considerou que ser bispo do Porto não é apenas um cargo hierárquico na Igreja Católica mas “é um lugar político na luta pela liberdade, pela democracia e pela igualdade entre os homens”.

O entrevistado que ficou “em estado de choque” com a notícia da morte do bispo do Porto sublinha que D. António Francisco dos Santos para si era um intelectual porque “foi essa a dimensão que escolheu” para lhe falar do mundo e das pessoas de quem gostam.

O falecido bispo era natural de Tendais, no Concelho de Cinfães (Diocese de Lamego), foi ordenado bispo em março de 2005, e presbítero em dezembro de 1972.

D. António Francisco dos Santos foi nomeado bispo do Porto em fevereiro de 2014, sucedendo a D. Manuel Clemente, e tomou posse a 5 de abril do mesmo ano; Para a Diocese de Aveiro foi escolhido pelo Papa emérito Bento XVI, em setembro de 2006 e tomou posse a 8 de dezembro.

PR/CB

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