Porto: O trabalho «diz respeito a todos e constitui a grande base de encontro da humanidade»

«O jubileu proporciona-nos ocasião e motivo para refletir se os bens da terra, destinados por Deus a todos os seres vivos, chegam realmente a todos» – D. Manuel Linda

Porto, 05 mai 2025 (Ecclesia) – O bispo do Porto afirmou, este domingo, que o Jubileu do Mundo do Trabalho é ocasião para refletir se os bens da terra “chegam realmente a todos”, referindo que se trata da atividade que constitui a “base de encontro da humanidade.”

“Quando descobri a possibilidade de celebrar um específico jubileu do trabalho, fiquei cheio de alegria. É que não há qualquer atividade humana tão ampla e universal como o trabalho. Na diversidade das suas formas, ele diz respeito a todos e constitui a grande base de encontro da humanidade”, afirmou D. Manuel Linda na homilia da Missa, na Catedral diocesana.

“Perguntamo-nos se organizamos a economia à base dos princípios da generosidade e da preocupação com os irmãos ou se preferimos relações de indiferença, de ânsia de poder que leva à violência, da idolatria das coisas, da divinização da riqueza e do culto obsessivo do lucro. Ou, pelo contrário, se seguimos a linha da preocupação pelo outro, da solidariedade, da misericórdia, do desenvolvimento integral e da paz”, acrescentou.

Para o bispo do Porto, este Jubileu do Trabalho, de todos os trabalhadores, pode ser um tempo de “resgatar o sentido da vida e das relações humanas a partir de Deus e do seu plano originário”.

“O jubileu proporciona-nos ocasião e motivo para refletir se os bens da terra, destinados por Deus a todos os seres vivos, chegam realmente a todos.”

O bispo do Porto explicou que na visão da Igreja Católica o trabalho é, “ao mesmo tempo, um dever e um direito”, dever enquanto chamados “a colaborar com Deus na obra do perene aperfeiçoamento da terra”, do retirar dela o indispensável para uma vida digna de todos os membros da humanidade”, o trabalho é também um “direito inapagável” porque nele se exerce a solidariedade para com os frágeis e doentes, mormente a nível da família”.

“Na diversidade das suas formas, o trabalho exprime, portanto, a condição original da pessoa a quem Deus coloca no mundo para “guardar e cultivar a terra”, para retirar dela o pão com que sustenta a sua vida, a da sua família e a dos outros, mas também para que se realize na atividade, no ver surgir os produtos e artefactos, no fabrico de um bem que o deixa feliz”, desenvolveu, na homilia intitulada ‘Trabalho: base de um encontro de quem dá e recebe’.

Citando São João Paulo II sobre o trabalho, o Papa polaco diz que é “o grande campo de prova para as escolhas ética e de civilização”, D. Manuel Linda assinalou que “é urgente redescobrir o seu sentido e valor”, refletir sobre os desequilíbrios existentes no seu mundo, “revalorizar o trabalhador e coloca-lo no topo da escala de produção, solidarizar-se com quem sofre a falta de trabalho, apreciar mais o contributo dos migrantes que executam quase sempre trabalhos humildes”.

“Analisar porque é que, mesmo com trabalho, o salário auferido se torna insuficiente para quase um quarto da população portuguesa e a pobreza subsiste, enfim, contestar radicalmente o trabalho infantil, a diferença salarial entre homens e mulheres, o sub-rendimento do mundo da agricultura, as fraquíssimas condições que fazem de alguns trabalhadores verdadeiros escravos, etc”, acrescentou o bispo do Porto.

A Missa na Sé, presidida pelo bispo diocesano, encerrou as celebrações do Jubileu do Mundo do Trabalho na Diocese do Porto, que decorreu de 1 a 4 de maio, com várias iniciativas locais.

A Igreja Católica está a celebrar o Ano Santo 2025, o 27.º jubileu ordinário da sua história, por iniciativa do Papa Francisco, dedicado ao tema da esperança.

CB/PR

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