D. Manuel Linda assume referências do Papa Francisco e D. António Ferreira Gomes
Lisboa, 15 mar 2018 (Ecclesia) – O bispo do Porto, D. Manuel Linda, disse hoje que os temas da pobreza e da justiça social vão estar presentes na sua nova missão.
“É uma das minhas prioridades, sem dúvida alguma”, referiu, em declarações à Agência ECCLESIA e à Renascença, no dia em que foi publicada a sua nomeação, pelo Papa Francisco, na diocese nortenha.
“Tentarei fazê-lo com toda a simplicidade, não é preciso chamar a comunicação social para fazer boas ações, de qualquer maneira elas estarão presentes no meu ideário”, acrescentou.
O até agora bispo do Ordinariato Castrense, de 61 anos, disse ter consciência do significado particular de que se reveste a missão de bispo do Porto.
“O Porto, de facto, ao nível de ser Igreja, tem uma interligação muito forte com a sociedade portuguesa, como o demonstrou todo o século XX, não só por D. António Ferreira Gomes”, assinalou.
“Essa consciência está muito viva em mim”, disse ainda.
O novo bispo do Porto assume que esta é uma tarefa com um cunho “muito especial”, atendendo à “responsabilidade que lhe está inerente”, desejando poder cultivar uma “boa relação humana”, com todos, “católicos e não-católicos”.
“Nós não temos programa político para apresentar ao eleitorado, a única coisa que fazemos é dar a conhecer Jesus Cristo”, observou, realçando que “Ele só se dá a conhecer nas boas relações sociais com as pessoas”.
D. Manuel Linda doutorou-se em Teologia (especialidade de Teologia Moral) pela Universidad Pontifícia Comillas, em Madrid (1998), com a tese “Andragogia política em D. António Ferreira Gomes”, o bispo do Porto que passou 10 anos no exílio (1959-1969).
Questionado sobre a proximidade com esta figura do episcopado portuense, o novo bispo disser ser também alguém “deslumbrado” com o Concílio Vaticano II (1962-1965).
“Naquilo que tem a ver com o Concílio Vaticano II, completamente, eu sou um conciliar como ele [D. António Ferreira Gomes] era um conciliar”, precisou.
D. Manuel Linda mostra-se ainda admirador da presença e “sensibilidade” do Papa Francisco, sublinhando a sua valorizar a dimensão da misericórdia.
“Não vou para ser chefe de ninguém, nem muito menos, mas para ser um trabalhador do Evangelho, um contratado para a vinha do Senhor, para usar uma expressão de Bento XVI, embora agora à última da hora. Faremos caminhada em conjunto, trabalharemos na mesma vinha, com o mesmo entusiasmo, com o mesmo afinco, e com a mesma lealdade entre trabalhadores”, adiantou.
A entrada solene prevista deverá acontecer em finais do mês de abril.
O bispo do Porto preside à Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização e é vogal da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana.
OC