Porto: Lar juvenil contorna exclusão

Carvalhos, Porto, 01 jul 2011 (2011) – O Lar Juvenil dos Carvalhos, no distrito do Porto, assinala hoje 25 anos de existência com a certeza de que através de “uma boa pedagogia” se conseguem “recuperar muitos rapazes”.

Em declarações à Agência ECCLESIA, o diretor técnico e pedagógico desta instituição ligada aos missionários claretianos, o padre Marçal Pereira, lamenta as “desastrosas” políticas governamentais que, ainda assim, não comprometeram os esforços de uma casa que “já recebeu mais de 600 rapazes”, dos cinco aos 21 anos.

O espaço, que outrora foi uma instituição do Estado, está agora ligado aos missionários claretianos que o assumiram “como um campo de missão”, disse o sacerdote, um dos fundadores do lar, juntamente com o padre José Maia.

Com capacidade de internato para 117 rapazes, o Lar Juvenil dos Carvalhos acolhe jovens oriundos de famílias com problemas e proporciona-lhes “cuidados básicos adequados às suas necessidades e condições que permitam a sua educação, bem-estar e desenvolvimento integral”.

Se, no início, a instituição recebia crianças “ainda sem vícios”, nos últimos quatro anos têm chegado “rapazes com 13 anos ou mais, cheios de vícios”, transformando o lar “como que numa casa de castigo”, lamenta o padre Marçal Pereira.

Com o novo modelo, os “problemas escolares surgem” porque “muitos deles são agressivos”, sublinha.

Segundo o sacerdote claretiano, as entidades competentes – Comissões de Proteção de Menores, Segurança Social e Tribunal – “devem ter respeito pelos rapazes” e acrescenta: “Os doentes da mente devem estar em casas ligadas ao Ministério da Saúde; os agressivos, violentos e que andam na droga deviam estar em instituições fechadas, ligadas ao Ministério da Justiça”.

Feita a triagem, o padre Marçal Pereira realça que, assim, se poderiam “salvar rapazes que não têm uma família capaz e que precisam de ajuda”.

Para que o trabalho surta efeitos positivos junto desta camada populacional, o diretor técnico e pedagógico apela a “novas políticas onde cada jovem tenha resposta à problemática que existe nele mesmo”.

O voluntariado era uma componente importante do Lar Juvenil dos Carvalhos, mas “no início deste ano escolar” a Segurança Social indicou que a instituição “tinha de acabar com o voluntariado de noite e colocar vigilantes”.

“Uma bela experiência que morreu no ano do voluntariado”, lamenta o padre Marçal Pereira, que tem 69 anos e é missionário claretiano há 30 anos.

Em dia de festa, afirma que “não se arrepende” de ter agarrado o projeto do lar há 25 anos, sublinhando que é considerado «pai» de muitos jovens que saíram da instituição e que “voltam a visitar a casa que os fez homens”.

LFS

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Agência ECCLESIA

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