Cónego Jorge Teixeira da Cunha considera que a evangelização está unida à experiência estética
Porto, 18 abr 2021 (Ecclesia) – A Catedral do Porto está em obras de restauro, até final do ano, com incidência particular na recuperação do altar-mor.
A obra é suportada pelo cabido da catedral e possível através das receitas geradas pelos ingressos dos turistas no monumento.
O cónego Jorge Teixeira da Cunha, que preside ao Cabido (conjunto dos cónegos), reconhece que há algum tempo existia consciência da necessidade de avançar com a obra e que o atual momento, de menor afluência turística, contribuiu para a decisão de avançar.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, o responsável considera a Sé como “um todo significante de alto relevo para a história da fé”.
“Ao descodificarmos tudo o que está inscrito nesta construção fazemos também um percurso de fé”, precisa.
Para o presidente do cabido portucalense, a estética é hoje “o princípio de todas as vivências”.
“A nossa pastoral, a Igreja e a conceção da evangelização não pode deixar de partir da experiência estética. Hoje as pessoas, mais do que doutrinas procuram vivências e estes espaços estão destinados a despertar uma emoção estética em quem os visita”, observa.
O responsável pela coordenação de segurança em obra, engenheiro Jorge Silva, adianta que a obra visa consolidar toda a estrutura do altar-mor, que evidencia abatimentos e fendas.
Numa segunda fase, vai proceder-se ao restauro integral de toda a talha bem como das pinturas sobre o granito.
Ao longo dos próximos meses, a igreja mãe da Diocese do Porto viverá os constrangimentos que uma obra impõe, mas espera-se que o resultado supere as limitações.
“Daqui brotará algo de maior” é a convicção do cónego Álvaro Mancilha, que integra o cabido. “Esperamos daqui a uns meses, as pessoas, a partir desta beleza, possam escutar a mensagem que um edifício destes transmite e que é também veículo de evangelização”, prossegue.
O Dia Internacional dos Monumentos e Sítios é sempre fator de atenção especial por parte da Catedral portuense, embora este ano as limitações sanitárias lhe tenham retirado expressão. Ainda assim, o Cónego Jorge Cunha salienta que as obras de conservação e restauro irão contribuir também para melhorar a oferta que este espaço oferece a que o visita.
A iniciativa que parte do Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios, tem desta vez por tema: Passados complexos: Futuros diversos, e quer olhar o património como lugar de encontro e aproximação entre povos e culturas.
O Dia Internacional dos Monumentos e Sítios vai estar em destaque na emissão deste domingo do programa ‘70×7’, pelas 07h30, na RTP2.
Esta celebração do Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios (ICOMOS), aprovada pela UNESCO em 1983,visa “sensibilizar os cidadãos para a diversidade e vulnerabilidade do património, bem como para a necessidade da sua proteção e valorização”.
Em 2021, o tema proposto pelo ICOMOS Internacional é ‘Passados Complexos: Futuros Diversos’.
HM/OC