Grupo acolhido na Fundação Allamano, dos Missionários da Consolata, começou esta semana a trabalhar nas áreas da restauração, logística, encomendas, montagens e construção civil
Porto, 29 abr 2021 (Ecclesia) – José Miranda, membro da Fundação Allamano, dos Missionários do Consolata, disse à Agência ECCLESIA que um pequeno grupo de jovens refugiados conseguiu integrar o mercado de Trabalho, o “primeiro grande passo” para autonomia.
“O primeiro grande passo para a autonomia é encontrar trabalho. Durante este tempo de pandemia ficámos mais resguardados, foi uma fase difícil mas apostámos na formação, nomeadamente na aprendizagem da língua portuguesa”, disse José Miranda à Agência ECCLESIA.
O responsável considerou que o “desconfinamento era a hora para ir procurar trabalho” sentindo que os “rapazes”, como os tratam carinhosamente, se “encontravam preparados” e a Fundação já “tinha vindo a falar com algumas entidades”.
Esta semana quatro jovens, Vitor, Mamadou, Zayed e Aliou, começaram a trabalhar numa empresa multinacional, através de um projeto social, “numa integração de seis meses em estágio profissional”, nas áreas de “restauração, logística, encomendas e montagens”.
“Nós vamos acompanhando de perto e, apesar de irem nervosos no primeiro dia, iam muito satisfeitos”, conta José Miranda.
Outros dois refugiados, Harouna (chegado em outubro) e o Carlitos (chegado em dezembro), vão começar numa empresa de construção civil, os Empreiteiros Casais, com sede em Braga, “onde já foram assinar o contrato” e vão começar esta semana em dois projetos, um em Vila Nova de Gaia e outro no Porto.
“O facto de irem trabalhar vai-lhes dar outras perspetivas, falarão melhor o português, vão ter maior socialização e irão ter uma evolução mais rápida; o grupo partilha mesmo entre eles estarem orgulhosos dos que estão a começar agora a trabalhar”, refere.
Do grupo que a Fundação Allamano acolheu, há a previsão de uma saída da casa, neste mês de maio: um jovem refugiado, que foi o primeiro a chegar, está a trabalhar e tem “autonomia completa”.
“O sucesso deles é o nosso sucesso, só quando conseguirem a autonomia é que sentiremos a missão cumprida, estamos muito motivados pela sensibilidade que vamos sentindo e isso deixa-nos tranquilos”, adianta o responsável.
O tempo de confinamento foi aproveitado para “acompanhamento, entrevistas e melhor conhecimento” e o grupo “de forma voluntária” assumiu ainda um apoio ao local onde estão, “assegurando uma manhã por semana para a manutenção dos espaços verdes, com muito boa vontade e orgulho”.
“Eles partilham que querem também dignificar a instituição, assumem essa responsabilidade; vieram para cá para ter autonomia financeira, para enviar algum dinheiro para as famílias que deixaram, têm aqui uma vida pacífica e valorizam muito a paz”, partilha.
Além da formação houve ainda a necessidade de desenvolver parcerias para idas ao médico, “nomeadamente dentista e oftalmologista”, no sentido de diagnosticar e José Miranda refere que “10 deles vão ter de usar óculos”.
O membro da Fundação Allamano, dos Missionários da Consolata, disse que os 22 refugiados que acolheram formam agora um grupo coeso, os que já estavam na casa “são os primeiros a acolher os outros”, praticam desporto uma vez por semana e “vivem num ambiente familiar”.
O Centro Missionário José Allamano, antigo Seminário de Águas Santas, na Maia, Diocese do Porto, recebeu em 2019 o primeiro grupo de refugiados.
SN