Templo dedicado a 1 de dezembro 2019, em Paços de Ferreira, foi finalista de várias prémios de arquitetura
Freamunde, 29 ago 2024 (Ecclesia) – O pároco de Freamunde, na Diocese do Porto, afirmou que a Igreja do Divino Salvador, da autoria do arquiteto Vítor Leal Barros, é um exemplo de “sobriedade”, “simplicidade”, “frescura” e “serenidade”.
“Naquilo que diz respeito à sobriedade, à simplicidade, ao despojamento, esta igreja tem de facto uma mensagem muito poderosa, assim como toda a arquitetura o tem”, afirmou o padre Manuel Luís de Brito, em entrevista ao Programa ECCLESIA, emitido hoje na RTP2.
Uma década depois de começar a ser pensada, a igreja do Divino Salvador de Freamunde foi dedicada a 1 de dezembro de 2019, no concelho de Paços de Ferreira, Diocese do Porto, num terreno doado por uma família.
O pároco de Freamunde explica que a construção do edifício surgiu da necessidade de a comunidade ter um “espaço acolhedor” para as celebrações, dado que a igreja matriz, que se encontra ao lado, se caracteriza por ser um “espaço muito exíguo”, com capacidade para apenas 180 lugares.
Para o padre Manuel Luís de Brito, este é um edifício “plenamente integrado” com as construções envolventes: “Não é um edifício que se impõe, sinto que há aqui uma harmonia entre a malha urbana, a igreja matriz, antiga, e agora este novo edifício”.
O complexo é constituído pela Igreja do Divino Salvador de Freamunde, a casa mortuária, um polivalente e, do lado de cima, pode ser encontrada a igreja matriz, um edifício neoclássico.
O pároco de Freamunde destaca a “simbiose entre o passado, o presente e o futuro”, um enquadramento que entende ser “belo visualmente” e, ao mesmo tempo, “muito significativo” para a comunidade.
Entre as características da Igreja de Freamunde está a capacidade para acolher 600 pessoas e a luminosidade, possível através dos vidros que constituem o edifício e que são um apelo a entrar no espaço de oração.
“Nós construímos esta igreja com este vidro transparente, com esta abertura para o interior, quase que apelando à entrada, ao convite à entrada. E não quisemos uma igreja fechada, mas sim uma igreja aberta”, assinala o sacerdote.
O padre Manuel luís de Brito descreve que dentro da igreja é possível ver o exterior, sendo o objetivo mostrar que a Igreja “está no mundo e quer olhar o mundo”.
“A luz recebeu, de facto, aqui um tratamento muito cuidado, porque não quisemos uma igreja cinzenta, sombria, mas uma igreja marcada pela luz, a luz que nos remete para o transcendente, para o divino. E sentirmos aqui também a frescura, a frescura também da fé, da proposta do Evangelho e toda esta luz, todo este ambiente nos remete também para essa mesma frescura”, referiu.
Segundo o pároco de Freamunde, a obra “tenta traduzir o conceito que o Vaticano II” propõe, que é a “Igreja em comunhão” e “não tanto uma igreja hierárquica”.
“Nós aqui sentimos isso mesmo. Sentimos quando estamos a celebrar que há aqui uma relação de proximidade entre a assembleia, entre o celebrante, entre o altar, o ambão, que há aqui, de facto, uma proximidade muito grande entre a assembleia e o presbitério e isso também aproxima as pessoas do mistério cristão”, realça.
Granito, mármore, madeira e vidro são os materiais que compõem o edifício, menciona o padre Manuel Luís de Brito, que considera que a arquitetura, ao longo da história da Igreja, foi sempre um “meio muito poderoso de evangelização”.
“O espaço arquitetónico ajuda-nos esse encontro pessoal com a comunidade, com o transcendente, com Deus, com Jesus Cristo. O espaço arquitetónico tem essa função de nos ajudar na nossa celebração, no nosso encontro com o transcendente, com o divino”, sublinha.
Uma das particularidades da Igreja está presente no batistério, que à saída apresenta uma subida que representa o início de uma nova vida.
“Nós ao dirigirmo-nos para a Pia Batismal, nós descemos e depois do batismo há uma subida e isto é muito significativo, porque o batismo significa este mergulho nas águas para depois ressurgirmos, para depois nos elevarmos para uma vida nova, para uma vida com Deus”, descreveu.
A Igreja de Freamunde, orçada em 2,5 milhões de euros, já foi finalista de vários prémios, nacionais e internacionais: o Prémio Frate Sole (2020), do Prémio Construir (2020), e do Prémio Archdaily Building of the Year (2021).
“Recebemos [as nomeações] com alegria, porque esses prémios de alguma forma confirmam as nossas opções. Quando outras pessoas, outras entidades mostram apreço, consideração por este edifício, nós sentimo-nos de alguma forma reconhecidos e sentimos que as nossas opções foram válidas, foram corretas, foram certas”, assume.
LJ/OC
Em cada quinta-feira de agosto e até 5 de setembro, o programa Ecclesia (RTP2, 15h00) divulga destinos como propostas de visita, durante o tempo de férias; neste dia 29 de agosto são apresentadas as igrejas do Mosteiro de São Pedro de Ferreira e do Divino Salvador, em Freamunde, da Diocese do Porto. |