Porto: formação permanente e progressiva numa sociedade em mudança

Decorreu no passado Sábado a sessão solene de abertura do ano lectivo 2007/2008 no Centro de Cultura Católica, presidida por D. Manuel Clemente, Bispo do Porto. A sessão iniciou-se com o Veni Creator Spiritus, executado pela Coro da Escola Diocesana de Ministérios Litúrgicos, dirigido por António Mário Costa. Seguiram-se algumas palavras de acolhimento a cargo do Pe. Adélio Abreu, director do Centro. Depois de saudar os presentes, coube-lhe enquadrar a sessão e o ano lectivo no âmbito do lema “A Luz e a Graça de Cristo para o Triunfo do Bem”, recolhido da homilia da entrada de D. Manuel Clemente na Sé do Porto, em Março passado. As palavras iniciais serviram também para apresentar a situação do Centro, que actualmente conta com cerca de 30 professores e 162 alunos, distribuídos pelos diferentes cursos: Básico de Teologia, com 34 alunos; Complementar de Formação de Catequistas, com 12; Música Litúrgica (Preparatório, Geral e Salmistas), com 44; Acólitos, com 17; Leitores, com 11; Pastoral da Saúde, com 44. Agradeceu ainda a colaboração dos secretariados diocesanos, a dedicação dos professores e a confiança que várias comunidades da diocese depositam no Centro, entregando-lhe a formação dos seus membros mais empenhados. Seguiu-se uma comunicação sobre a III Assembleia Ecuménica Europeia, pronunciada por João Duque, director-adjunto da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa em Braga, que integrou a representação portuguesa da Igreja Católica Romana à dita Assembleia, realizada no início de Setembro em Sibiu, na Roménia. Na sua abordagem, começou por enquadrar o tema, aludindo às principais rupturas da história do cristianismo, à evolução do movimento ecuménico e às duas primeiras Assembleias, ocorridas respectivamente em Basileia e Graz. A convocação da terceira para Sibiu, uma cidade maioritariamente ortodoxa, reflectiu, a seu ver, as transformações políticas que se deram na Europa, a partir da queda do muro de Berlim. A abertura a Leste fez com que se sinta cada vez mais a presença das Igrejas orientais, antes silenciadas, e com que se vá descobrindo a importância de penetrar no mundo ortodoxo e de viver o ecumenismo também como compromisso ortodoxo. Relativamente ao impacto da Assembleia, João Duque sublinhou o facto dela trazer à consciência dos cristãos o pulmão oriental da Europa e ajudar a apreciar a identidade do oriente e do ocidente, num enriquecimento recíproco. A Assembleia permitiu apreender a riqueza da tradição litúrgica e da religiosidade popular oriental, em contraposição com a vivência mais intelectual da fé no ocidente. Foi também possível intuir as dificuldades que vão emergindo no mundo ortodoxo, para resistir ao fenómeno da secularização, a partir dum cristianismo assente sobretudo na religiosidade popular. O futuro passará pela conjugação dos dois pulmões da Europa num mesmo corpo orgânico, tendo em conta os valores e os problemas de parte a parte. Enquanto o cristianismo ocidental poderá ajudar o cristianismo oriental a consolidar a formação para responder aos desafios dum mundo secularizado, o cristianismo oriental há-de recordar ao ocidente os elementos estético-simbólicos, rituais e populares da vivência da fé. Esta colaboração e este enriquecimento poder-se-ão também repercutir em Portugal, tendo em conta que o mundo oriental chegou mais recentemente até nós através da imigração. Logo após D. Manuel Clemente entregou os diplomas aos alunos que terminaram os seus cursos no último ano lectivo. Foram eles Joaquim Augusto da Silva Santos (Caldas de São Jorge – Santa Maria da Feira), do Curso Básico de Teologia; António José Silva Abreu (Real – Amarante) e Márcio André Oliveira Alves (Antas – Porto), do Curso de Acólitos; João Tomás de Carvalho Botelho (Antas – Porto) e Manuel de Oliveira Campos (Canidelo – Vila Nova de Gaia), do Curso de Leitores; Cândido Rodrigues do Couto (São Martinho de Bougado – Trofa), do Curso de Salmistas. Formação e cultura O Bispo do Porto tomou depois a palavra e saudou os presentes, reportando-se à sua homilia de entrada na diocese, apontou o amor como programa, na linha da encíclica programática de Bento XVI. O prelado referiu a este propósito que “todas as portas do que se chama mundo estão abertas, se a acção dos cristãos for oferta de caridade que se desdobra”. Destas considerações partiu para uma alusão mais específica à formação e à cultura como actividade permanente e progressiva, “não só porque a vida de cada pessoa é um contínuo, mas também porque o mundo actual é uma actividade evolutiva” e se encontra em rápida mudança. Superada a cultura da estabilidade que caracterizou o passado, exige-se no âmbito da formação “uma estabilidade em crescimento, alcançada pela integração, assimilação e maturação de novos elementos”». Da necessidade de formação global, D. Manuel Clemente partiu para uma referência à formação específica. Disse a este propósito que “se a relação Igreja/mundo se faz em termos de amor e de serviço, também supõe uma vertente ministerial, que fundamenta as formações específicas, consoante as necessidades”. Por fim, confessou-se agradavelmente surpreendido pela qualidade ministerial, que já pôde constatar em muitos locais da diocese, o que supõe aposta na formação global e específica. A sessão solene foi encerrada com mais uma intervenção do coro. Centro de Cultura Católica

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top