Quatro sessões envolveram cerca de 2 mil jovens e fazem parte do projeto «Porto, que procuras?» para «estruturar e organizar a diocese» a partir das opiniões apresentadas
Porto, 04 mar 2024 (Ecclesia) – O bispo do Porto faz uma avaliação “muito positiva” das sessões “Escutar Deus na voz dos jovens”, que decorreram entre os meses de janeiro e março em quatro regiões da diocese, para ouvir propostas, questionamentos e críticas à Igreja.
“A crítica é positiva. Não é crítica por crítica, mal intencionada. É crítica de comportamentos ou de atitudes, que gostariam de ver mudada. Não conseguimos fazer tudo ao mesmo tempo, mas fica-nos a ideia de que é preciso, de facto, aproximarmo-nos mais deles porque têm ideias positivas”, afirmou D. Manuel Linda em declarações à Agência ECCLESIA.
Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil promoveu este sábado a última de quatro sessões do projeto “Escutar Deus na voz dos jovens”, que decorreu em Fornelo, Vila do Conde, para a região pastoral norte, da Diocese do Porto; a primeira sessão foi em Felgueiras, a 20 de janeiro, a segunda em Santa Maria da Feira, no dia 3 de fevereiro, e a terceira no dia 17 de fevereiro, em Gondomar.
“A Diocese do Porto promoveu encontros com os jovens e o balanço é muito positivo porque exprimem com muita categoria, fundamentalmente uma categoria de fé, as problemáticas que gostariam de ver resolvidas na Igreja”, afirmou D. Manuel Linda.
O projeto “Escutar Deus na voz dos jovens” consiste num momento de diálogo entre o bispo do Porto ou um dos bispos auxiliares e um grupo perto de duas dezenas de jovens, que representam os grupos da região pastoral em que se inserem, como oportunidade de apresentação de propostas, críticas e questões sobre o catolicismo e sobre a organização da Igreja na diocese.
Para Laura Pinto, jovem da Diocese do Porto, é necessário “quebrar as diferenças entre faixas etárias” nas propostas que a Igreja Católica faz, nomeadamente de oração, apontando o exemplo das orações de Taizé como uma opção para todas as pessoas e como “uma mudança que a Igreja tem de fazer”.
“Os jovens não têm de ter medo de afirmar a sua fé. Têm de se encorajar a eles mesmos e quem mais precisa, quem notam que está mais rebaixado, quem está com mais medo”, apontou.
José Teixeira, também da Diocese do Porto, considera que é preciso “lutar por uma Igreja mais aberta, mais inclusiva, para ’todos, todos, todos’, nas palavras do Papa Francisco”.
“Nestes anos todos, na escola, na universidade, não sinto que haja a ligação com a religião, com Deus. Essa temática é esquecida. Falámos sobre muitas temáticas, mas nunca sobre a questão da religião”, acrescentou, sugerindo a necessidade de uma “abertura maior, mesmo do Paço, por exemplo, para dar a conhecer aos jovens o que fazem e os trabalhos que realizam, porque há muita desinformação quando a isso”.
“Escutar Deus na voz dos jovens” faz parte do projeto lançado pela diocese “Porto, que procuras?”, que consiste num “contínuo momento de escuta” das novas gerações.
Através de uma carta assinada pelo bispo do Porto e pelos bispos auxiliares, os jovens são desafiados a expressar os seus sonhos para a Igreja Católica na região do Porto, que deseja “fazer caminho” em conjunto, a partir do dinamismo gerado pela Jornada Mundial da Juventude.
“Às vezes perdemos muito tempo a perguntar “E agora?”, e não fazemos nada. Não queremos que isso aconteça”, afirmou o diretor do Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil da Diocese do Porto.
O padre Jorge Nunes aponta para as propostas de escuta dos jovens, apresentadas na carta “Porto, que procuras?”, afirmando que “todo o caminho terá consequências no pensamento e na organização da Diocese”.
Após as quatro sessões realizadas este ano do “Escutar Deus na voz dos jovens”, a Diocese do Porto desafia a juventude, a partir da carta que lhes foi dirigira, a apresentar propostas que vão ser depois analisadas e refletidas em conjunto em ordem a opções para a Pastoral Juvenil diocesana.
PR