Porto: Escuta e formação são projetos para acompanhar jovens no caminho espiritual

Secretariado da Pastoral da Juventude reconhece jovens vivos e participativos e não quer deixar esmorecer dinâmicas desencadeadas pela JMJ Lisboa 2023

Foto: Rui Saraiva

Porto, 11 out 2024 (Ecclesia) – Marta Esteves, do Secretariado da Pastoral da Juventude da Diocese do Porto, disse que a formação e a escuta vão acompanhar os jovens, procurando manter as dinâmicas e “agarrar as sementes” da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023.

“Os jovens são muito vivos e participativos e, tantas vezes são o motor das próprias paróquias porque estão envolvidos na catequese, nos acólitos e tudo isto é pastoral juvenil. O Porto sempre teve grandes multidões nos dias diocesanos, nas caminhadas que propôs, mas os jovens também aderem muito bem”, explica a responsável à Agência ECCLESIA.

As atividades propostas pelo SDPJ tiveram o seu arranque num encontro no sábado e Marta Esteves dá conta da Sé do Porto cheia para uma vigília que surpreendeu a organização.

“Foi uma noite de oração e vigília com a exposição do Santíssimo Sacramento – portanto não foi uma grande festa nem um grande concerto, foi um momento de oração e os jovens e os animadores surpreendem-nos porque num ano que nós até achávamos que poderia ser um pouco difícil, acabou por encher a Sé e sentimos os jovens animados e sentimos os jovens compenetrados na oração e isso são sempre pontos positivos”, indica.

A Diocese do Porto levou à JMJ Lisboa 2023 cerca de 13 mil jovens, consequência de um “mês de intensa festa e de grandes multidões” que acompanharam a receção dos símbolos, a Cruz Peregrina e o Ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani, que percorreram a diocese, juntando uma pastoral juvenil “dos 9 aos 99”.

“A nossa representação deixou-nos orgulhosos, não pelos números, mas pela capacidade de mobilização e pela resposta positiva que os nossos jovens tiveram”, sublinha.

Mas Marta Esteves adverte para um trabalho de “formiga” que é necessário fazer junto dos jovens para não se correr o risco de “acompanhar jovens desenraizados” que vivam “de evento em evento”: “Corremos o risco de ter jovens que foram viver uma grande festa e depois não conseguem sair da festa para a vida real, ou fazem da vida real uma festa permanente”.

A Diocese do Porto organiza-se para “duas grandes apostas”, centradas na formação, com “oito momentos formativos”, a partir da exortação apostólica pós-sinodal do Papa Francisco, «Christus vivit», escrita em resposta à XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, sobre jovens, fé e discernimento vocacional, decorrido em 2018, uma vez que este texto “tem muito ainda a dar e a ser explorado”, levando-o aos catequistas e aos animadores.

A formação vai também desenvolver “técnicas de trabalho com jovens”.

Marta Esteves apresenta ainda outra aposta do SDPJ, a partir de um desafio lançado por D. Manuel Linda, Bispo do Porto, «Porto, que procuras? Vinde e vede».

Os responsáveis lançaram um inquérito aos jovens questionando sobre as suas procuras na diocese, tendo obtido cerca de 300 respostas que apresentavam temas que gostariam de ver discutidos; a equipa congregou sete temas que vão ser lançados em vídeo, “pela voz de D. Manuel Linda e mais alguns elementos da equipa”, numa periodicidade mensal, acompanhados de textos “de especialistas da área”, como subsídios para ajudar os jovens e os grupos.

A responsável, sem querer divulgar todos os temas indicados, indica a comunicação, a espiritualidade e a liturgia.

O projeto pretende fomentar encontros com jovens distantes das atividades eclesiais, pessoa não crentes e quer chegar às escolas, em especial às secundárias, e às universidades.

“Seria um bom passo e um bom trabalho chegar àqueles que não estão dentro, que se calhar nem sonham com a Igreja, ou até acham que a Igreja nem é para eles. Mas pelo menos abrir espaço ao diálogo e dizer-lhes ‘olha, nós temos estas propostas, se vocês quiserem vir, vamos ser ainda mais’”, conta.

Marta Esteves explica que os jovens vão ajudar a diocese a caminhar, procurando que o trabalho que a JMJ Lisboa 2023 evidenciou, seja potenciado e não perdido.

“Agarrar as sementes é o que nós mais queremos e aconteceram coisas muito boas na nossa Diocese: vigararias que se renovaram, talentos que surgiram, há pessoas que foram convidadas para trabalhar numa outra equipa e que depois realmente se revelaram pessoas cheias de talentos e cheias de dons e foi possível a Jornada trazer isso cá para cima. Podemos considerar que este tempo que vivemos será de solidificar a pastoral juvenil que temos e de ir buscar os frutos e estes dons que surgiram durante a preparação e durante a vivência da Jornada Mundial da Juventude”, sublinha.

A conversa com Marta Esteves pode ser acompanhada no programa ECCLESIA emitido este sábado, na Antena 1, pelas 06h00.

LS

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