Medida faz parte de um conjunto de prioridades estabelecidas para dar uma nova dinâmica à pastoral vocacional na região
Porto, 26 fev 2019 (Ecclesia) – A Diocese do Porto quer dar novo fôlego à sua pastoral vocacional, e traçou um conjunto de prioridades que incluem o reforço da proximidade e do acompanhamento aos sacerdotes recém-ordenados.
A temática esteve em destaque no encontro mais recente do Conselho Presbiteral da Diocese do Porto, onde marcaram presença D. António Augusto de Azevedo, bispo-auxiliar da diocese nortenha e presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios, e vários responsáveis pelos Seminários da região.
De acordo com o comunicado final da reunião, enviado hoje à Agência ECCLESIA, foi relevada a necessidade de ajudar os recém-ordenados a abraçarem da melhor forma a sua missão, no meio das comunidades que vão servir e junto dos seus congéneres do clero.
O Conselho Presbiteral da Diocese do Porto frisou que devem ser “levadas a sério” as diretrizes mais recentes da Santa Sé sobre a formação dos sacerdotes, contidas na ‘Ratio fundamentalis’.
Uma das passagens deste documento, que se centra em questões como o equilíbrio afetivo e emocional dos candidatos ao sacerdócio, realça a “responsabilidade” de cada bispo diocesano em “evitar que os recém-ordenados sejam colocados em situações excessivamente duras ou delicadas, bem como lugares onde se encontrem a trabalhar longe dos colegas”.
No que diz respeito à formação dos sacerdotes, o Conselho Presbiteral da Diocese do Porto considerou também importante proporcionar aos membros do clero mais momentos de reflexão e de aprendizagem, “à volta de problemas específicos do exercício do ministério”.
Quanto a outras medidas que têm em vista dinamizar ou dar uma vida nova à pastoral vocacional na Diocese do Porto, D. António Augusto de Azevedo sublinhou a importância de uma colaboração cada vez mais estreita entre “o presbitério, a paróquia e a família para apoiar e alimentar” o trabalho da Igreja Católica neste setor.
O mesmo responsável recordou ainda que toda a pastoral tem uma “dimensão vocacional” que deve ser potenciada, sobretudo junto das “novas gerações”.
As conclusões do Conselho Presbiteral apontam vários caminhos para o reforço da ligação entre os Seminários e as comunidades.
Como a criação de “pequenos núcleos de pré-Seminário nas comunidades paroquiais, integrando e acompanhando aqueles que manifestem sinais de inquietação vocacional sacerdotal”.
Também o “reforço, em termos de recursos humanos e económicos, do Pré-Seminário, de modo a oferecer a possibilidade de mais encontros para os alunos”.
Outra medida visa a “implementação de uma etapa propedêutica da formação nos Seminários”, que teria como espaço “ideal” o Seminário Maior “ou, nas suas imediações, um outro espaço autónomo”.
No sentido de proporcionar um maior contacto dos candidatos ao sacerdócio com a realidade exterior, com as comunidades, paróquias ou mesmo com outras dioceses, foi proposta também a criação de um tempo de “paragem”, durante os primeiros anos de formação, uma espécie de ‘Erasmus’ vocacional.
A etapa de estágio, que antecede a ordenação diaconal, também foi abordada, com os responsáveis a sublinharem a necessidade de uma experiência que permita aos seminaristas “tocar bem de perto a realidade concreta da vida das pessoas (a sua fragilidade, a sua pobreza)”.
“Não é conveniente escolher pretensas paróquias ideais nem se deve circunscrever a integração pastoral do estagiário a uma dimensão específica da comunidade, pelo contrário, este deve ser ajudado a integrar-se no todo da comunidade eclesial”, pode ler-se.
A agenda dos trabalhos incluiu uma radiografia à realidade dos Seminários na Diocese do Porto, com base nos testemunhos dos responsáveis pelas várias instituições formativas presentes no território.
O cónego José Alfredo da Costa, reitor do Seminário Maior do Porto, que conta atualmente com 46 alunos, “reconheceu que os seminaristas se veem confrontados, desde muito cedo, com problemas e dificuldades pastorais e que muitas vezes lhes são vendidas receitas para uma pastoral de sucesso, o que não ajuda ao seu crescimento natural”.
Sobre o Seminário Diocesano Missionário Redemptoris Mater Santa Teresa do Menino Jesus falou o padre Daniel Henrique Saturi que destacou os desafios de um projeto formativo orientado para jovens de diversas nacionalidades, neste caso 16 candidatos ao sacerdócio, provenientes de países como Portugal, Brasil, Equador, El Salvador e EUA.
A Diocese do Porto conta ainda com o Seminário do Bom Pastor, coordenado pelo padre José Augusto de Oliveira, com conjunto com o padre Vasco Soeiro.
Nesta instituição residem apenas três seminaristas, atualmente a frequentar o ensino secundário no Colégio de Ermesinde, mas os dois sacerdotes têm atualmente a seu cargo também o acompanhamento do Pré-Seminário.
Este projeto está dividido em dois grupos: Pré-Seminário I (candidatos do 5º ao 8º ano) e Pré-Seminário II (candidatos do 9º ao 12º ano), num total de 40 alunos.
“O Seminário tem-se esforçado por abrir as portas a grupos de jovens, a grupos de reflexão, à formação de clero, à visita dos padres e espera superar o exíguo número de alunos com a entrada de outros que atualmente estão em Pré-Seminário”, salientou o padre José Augusto de Oliveira.
JCP