D. Manuel Linda recordou ministros ordenados «navegantes entre o amor e a dor»
Porto, 12 set 2024 (Ecclesia) – O bispo do Porto lembrou os “navegantes entre o amor e a dor” na Missa de sufrágio pelos ministros ordenados desta diocese, na sua homilia que proferiu, esta quarta-feira, na Sé.
“Os bispos, sacerdotes e diáconos que agora sufragamos souberam navegar com Jesus por perto. Mas igualmente se esforçaram por aproximar o seu barco daqueles outros que corriam o risco do naufrágio. Mesmo com dor, mas sempre com amor. Agradecemos-lhes por isso. E pedimos a Deus seja o farol que, agora, lhes assegura a beleza do lugar que pisam”, disse D. Manuel Linda, na homilia publicada na página da Diocese do Porto na internet.
A partir da leitura do Evangelho escolhido para a celebração, D. Manuel linda explicou que “Jesus passa de margem a margem, parte em viagem”, como as pessoas, todos são “viajantes, peregrinos nesta vida, que nunca permanece numa mesma margem”, onde “a meta é a travessia, o chegar à outra margem”, mas, nesse percurso, por vezes, “a fúria da tempestade” faz interrogar sobre onde está Deus que “parece despreocupado com as aflições humanas” e, a “afundar-Se” também com a humanidade.
O bispo do Porto afirmou que os ministros sagrados que recordaram “souberam fazer a travessia do mar da vida, umas vezes mais curta, outras vezes mais demorada”, e sofreram “muitas tormentas, algumas das quais bem ameaçadoras, muito perigosas”.
“Mas não foram ao fundo porque não se afastaram da companhia d’Àquele que é a segurança e a Salvação. Aquele que acalma as fúrias e predispõe o mar para a navegação. Atravessaram, pois, o remoinho da existência sem se desagarrarem do Senhor, a Quem amaram e de Quem falaram aos irmãos para que estes O amassem”, acrescentou.
A Diocese do Porto celebrou a Missa anual de sufrágio pelos bispos, presbíteros e diáconos falecidos, esta Eucaristia foi instituída no dia 11 setembro após o falecimento de D. António Francisco dos Santos, em 2017, antigo bispo local.
“Foram aqueles que não atravessaram o mar sozinhos e conduziram uma imensa multidão em direção à margem nova e definitiva, ao grande seio ou meta onde as pessoas são acolhidas e não mais sofrem os furações que afastam da rota e as vagas que tudo submergem. Sim, sofreram como o seu povo e por causa do seu povo. Todos eles”, salientou.
Na sua homilia, D. Manuel Linda recordou os bispos seus antecessores, a partir daqueles que conheceu pessoalmente, na impossibilidade de referir cada um dos ministros ordenados da Diocese Porto já falecidos.
D. António Ferreira Gomes (1906-1989) foi “um visionário do futuro, viu bem que a liberdade, a convivência social e a paz nunca se impõem”, enquanto D. Júlio Tavares Rebimbas (1922- 2010) “conheceu a oposição de quem não sabe olhar para as estrelas, mas se diverte a amassar o lodo do caminho”.
D. Armindo Lopes Coelho (1931-2010), que serviu “a Diocese do Porto como formador e Reitor”, no tempo do Concílio Vaticano II, e regressou como bispo diocesano, enquanto D. António Francisco dos Santos (1948-2017) foi “um autêntico «justo»”, que “não pisou somente tapetes de flores”.
“Não faltou quem se aproveitasse desse seu «fraco», que era a simpatia, para lhe tentar impor critérios e situações que ele não podia aceitar. E aqui temos um bispo dilacerado entre a defesa da verdade e da Igreja e as imposições maldosas, vindas de fora”, observou o bispo do Porto, na homilia publicada online.
A Eucaristia de sufrágio dos ministros ordenados falecidos, na Sé, foi concelebrada pelos bispos auxiliares do Porto – D. Joaquim Dionísio, D. Roberto Mariz e D. Vitorino Soares – pelos bispos auxiliares eméritos, D. António Taipa e D. Pio Alves, e pelo bispo emérito de Setúbal, D. Gilberto Reis, para além de vários sacerdotes.
CB/OC