Porto de Ave prepara romaria a Nossa Senhora

Santuário recuperou oito capelas e 100 imagens A festa de Nossa Senhora de Porto de Ave, em Taíde, Póvoa de Lanhoso, arrancou no passado Sábado em força, com o início das novenas, mas o dia mais esperado é, sem dúvida, a grande romaria de Nossa Senhora, marcada para o próximo domingo, com a presença de D. Antonino Dias, Bispo Auxiliar de Braga. Porém, em termos do património da Irmandade e freguesia em geral, foi um dia importante porque foram inauguradas as oito capelas e uma centena de imagens, completamente recuperadas. Os trabalhos demoraram entre oito a nove meses e foram realizados por oito técnicos da Signinum, empresa de conservação e restauro, sedeada em Braga e com grandeprestígio a nível nacional. Sábdo, depois da missa campal, Carlos Rufino, juiz da Real Confraria de Nossa Senhora de Porto de Ave, mostrou- se extremamente satisfeito por, finalmente, poder dar uma resposta esperada há pelo menos 20 anos. Isto é, apresentar as imagens nas respectivas capelas com a dignidade que merecem. «Hoje é um dia festivo para a Irmandade e para a freguesia. Temos feito diversas obras de requalificação e restauro destas capelas e imagens e de todo o santuário em geral. Queremos ser dignos dos nossos antepassados que nos deixaram esse valioso património. Cabe- nos a nós estimá-lo e preservá- lo. É um imperativo de honra», afirmou. Carlos Rufino considerou que a obra está «muito bem feita» e não poupou elogios à equipa da Signinum, que além do dever profissional, esteve sempre pronta a ajudar e a sugerir a melhor solução. No seu discurso de inauguração das capelas e imagens recuperadas, Carlos Rufino não esqueceu nem os vivos, que, felizmente ainda hoje continuam a ajudar a preservar aquele património, nomeadamente antigos juízes e reitores do santuário, mas lembrou também aqueles que faleceram e que foram fundamentais para o crescimento do santuário e da devoção a Senhora de Porto de Ave. Entre os mortos, o juiz lembrou Francisco Vieira de Brito. Também algumas entidades mereceram especial referência, entre elas a Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso e a Junta de Freguesia, ambas representadas pelos respectivos presidentes. O benemérito Ferreira Martins, os escuteiros e os emigrantes na Suíça foram igualmente referenciados, como contribuintes no restauro do património ontem inaugurado. Todos de olhos no património Igualmente entusiasmado pela obra agora concluída estava o padre Augusto Lopes Leite, capelão da confraria. Fez questão de esclarecer que, apesar das capelas serem popularmente conhecidas como calvários, as imagens dizem respeito à infância e juventude de Jesus. Aliás, a oitava e última capela é o encontro de Jesus entre os doutores. O Padre Augusto cortou a fita da primeira capela, uma espécie de baldaquino, onde estão as imagens de São Francisco de Assis, com Cristo crucificado, uma imagem da Idade Média. Nas palavras que dirigiu aos presentes, fez sobretudo um apelo a que todos estejam de olhos naquele património, que subam as escadas várias vezes, para rezar, mas também para olhar pelas imagens e pelas capelas para que não sejam vandalizadas. «É preciso educar os jovens contra os grafites. Desejo que sintamos esse património como se fosse nosso, tentar que se mantenha limpo e preservado. Houve um enorme esforço financeiro para recuperar as imagens e as capelas », lembrou. Luís Aguiar Campos, da Signinum, explicou ao Diário do inho onde estiveram as principais dificuldades da obra de restauro. «A remoção das imagens dos calvários para um grande estaleiro que fizemos para o efeito. Algumas delas são muito pesadas. O primeiro objectivo foi estabilizar a policromia, a desinfestação das madeiras e só depois partir para os retoques e pinturas, mantendo o equilíbrio estético e respeitando a memória das pessoas». Este responsável explicou ainda que nos próximos tempos vão continuar a acompanhar a obra, para estudar e analisar a temperatura e humidade das capelas, por forma a evitar danos maiores. Também as zeladoras receberam alguma formação que é muito importante, uma vez que as suas acções podem marcar a diferença entre estragar ou preservar uma imagem. A próxima intervenção é na capela da Boa Morte. Na cerimónia estiveram, entre outras personalidades, o residente da Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso, Manuel Baptista, o presidente da Junta de Taíde, Sérgio Soares, representantes dos emigrantes na Suíça. Entidades e pessoas que tiveram direito a cortar fitas. Porto de Ave ficou, assim, com mais um ponto de interesse turístico-religioso.

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