Administrador apostólico da diocese diz que celebração do Natal tem de inspirar soluções, com prioridade para os pobres
Porto, 25 dez 2013 (Ecclesia) – O administrador apostólico da Diocese do Porto recordou hoje na missa de Natal os que são “marginalizados” pela sociedade e pediu que a celebração do nascimento de Jesus inspire todos a “somar iniciativas” e “concertar soluções”.
“Imersos na sociedade, não podemos deixar de pensar em todos aqueles que Deus veio procurar. E são todos. Em primeiro lugar, os marginalizados da sociedade: aqueles que, por qualquer razão ou falta de razão, não tem lugar à mesa nem cama para descansar”, declarou D. Pio Alves, na Catedral do Porto, durante a homilia da celebração.
O responsável destacou que a celebração do Natal evoca um “Menino Deus marginalizado, pobre, ignorado” e recordou a situação de crise que se vive no país.
“O que menos interessa são protagonismos pessoais ou institucionais. Os pobres primeiro”, apelou.
Segundo o prelado, este esforço “não tem credo, cor política ou currículo institucional”, exigindo a participação de todos.
“Quando impera a lei da selva a vitória é para os mais fortes. Os mais fracos servem apenas para divertimento e alimento dos poderosos”, alertou.
D. Pio Alves falou numa “multidão” de “famintos de pão, de humanidade, de dignidade”.
“É urgente identificar causas, mas é ainda mais urgente potenciar respostas, ainda que sejam precárias; abrir caminhos, ainda que sejam estreitos”, apelou.
O administrador apostólico da Diocese do Porto afirmou, por outro lado, que é preciso manter viva a “luz do verdadeiro Natal” e evitar que esta seja escondida pelos “natais que os homens inventaram”.
“Nenhuma das circunstâncias que contextualizam esta celebração pode instrumentalizar ou secundarizar o mistério de fé e de amor que celebramos”, precisou.
D. Pio Alves defendeu a necessidade de uma referência constante a Deus para dar voz às “periferias” que têm estado no centro das preocupações do pontificado do Papa Francisco.
“Quando se apagam os traços do caminho ou se eliminam os seus marcos [de Deus], mais uma vez, os transviados da dignidade humana são os que nem força têm para dizer: estou aqui!”, sustentou.
A intervenção concluiu-se com um apelo dirigido às comunidades católicas: “Não nos refugiemos no anonimato associal de uma cómoda cegueira. Renovemos o Natal na nossa vida. Recriemos o Natal na Sociedade”.
OC