Novo bispo da diocese nortenha é visto como referência no campo da Doutrina Social da Igreja
Porto, 15 mar 2018 (Ecclesia) – O novo bispo do Porto, que participou na revisão científica do primeiro Compêndio da Doutrina Social da Igreja, tem deixado, ao longo dos últimos anos, vários alertas em defesa dos mais pobres e da justiça social.
D. Manuel Linda assinou em janeiro o texto ‘Esta economia mata’, publicado no portal da ECCLESIA, onde alerta para a atualidade desta frase proferida pelo Papa Francisco.
“Mata os que estão por baixo, os pobres, os que não têm forças para se defenderem deste novo monstro que declarou guerra à pessoa concreta, pois só lhe interessam os números dos balancetes e o «índice de desempenho» dos que são pagos para lhe fazerem o jogo”, escreveu.
O Papa Francisco nomeou hoje D. Manuel Linda, de 61 anos, como novo bispo do Porto, sucedendo no cargo a D. António Francisco dos Santos, falecido a 11 de setembro de 2017.
O até agora bispo das Forças Armadas e de Segurança marcou presença, a 27 de fevereiro, na apresentação do relatório ‘Os jovens na Europa precisam de um Futuro’, como vogal da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, alertando para as condições “muito precárias” do primeiro trabalho que os jovens aceitam, muitas vezes “vítimas de uma exploração desenfreada”.
“Todos os trabalhadores correm riscos, num tempo de uma Economia fortemente selvagem, mas os jovens muito mais”, referiu à Agência ECCLESIA.
D. Manuel Linda doutorou-se em Teologia (especialidade de Teologia Moral) pela Universidad Pontifícia Comillas, em Madrid (1998), com a tese “Andragogia política em D. António Ferreira Gomes”, o bispo do Porto que passou 10 anos no exílio (1959-1969) por causa da sua oposição ao regime de Salazar.
“O Reino de Deus tem a ver com a salvaguarda universal dos direitos humanos, base ético-jurídica do reconhecimento da dignidade transcendente de todas as pessoas”, pode ler-se neste trabalho académico dedicado à cultura ética da política.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, D. Manuel Linda afirmou que “o imposto é uma obrigação moral e fugir-lhe é pecado”.
Já em 2016, numa homilia no Santuário de Fátima, denunciara quem se aproveitou da crise para empobrecer “os que já são pobres” e enriquecer “os que já são donos de tudo”.
Também em Fátima, dois anos antes, presidiu ao início da campanha de Natal da Cáritas, denunciando a “indignidade da pobreza” e a indiferença perante os sofrimentos da humanidade.
Mais recentemente, num encontro de Pastoral Familiar no Aeródromo Militar de Lisboa, D. Manuel Linda convidou todos a defender “o respeito pela vida humana, em qualquer fase da sua existência e para além de qualquer critério utilitarista”.
“A Igreja não seria fiel ao seu Fundador se menosprezasse a vida, se a não defendesse e promovesse, convictamente, desde a conceção até à morte natural”, realçou.
O prelado, que preside à Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização, destacou na sua mensagem de Quaresma de 2018 para o Ordinariato Castrense um o “renascer religioso” na sociedade, particularmente entre os mais jovens.
OC