Bispo diocesano convidou, na peregrinação diocesana ao Santuário de Fátima, à escuta, ao discernimento, à decisão e à ação, a partir do modelo de Maria, «figura da Igreja» que pratica os «verbos sinodais»





Fátima, 20 set 2025 (Ecclesia) – D. Manuel Linda presidiu à peregrinação da diocese do Porto ao Santuário de Fátima onde questionou os diocesanos sobre a realização de um Sínodo com “dimensão pastoral global”.
“Julgo que está na hora de convocar um sínodo diocesano com uma dimensão pastoral global, sem desprezar a própria assistência e guia futura das comunidades. Dentro de uma década, o clero diocesano, já hoje tão sobrecarregado, esse clero baixará muito significativamente. Como assegurar os sacramentos e os sacramentais, a organização das comunidades e a atividade sociocaritativa representada, por exemplo, nos nossos centros sociais paroquiais? Como fazê-lo? Esta é uma urgência. Não para amanhã, era já para ontem”, afirmou na homilia enviada hoje à Agência ECCLESIA.
“Gostava muito, mesmo muito, que nos próximos meses, vá, digamos, cerca de meio ano, ter eco, receber o sentir das pessoas e os organismos sobre a sua necessidade e a sua possibilidade, e o impulso, o incentivo e o compromisso para o lançarmos. Penso que é urgente a sua realização. E para vocês, caros cristãos, também o é? Façam-me chegar o vosso discernimento”, pediu aos cerca de 70 mil peregrinos reunidos no recinto do Santuário.
D. Manuel Linda presidiu à peregrinação diocesana, inserida em ano jubilar, e ali convocou a “diversidade das situações de vida, presentes nos ministérios e serviços” desempenhados na Igreja.
“Bispos, preciosíssimos colaboradores para o bem da nossa diocese do Porto, até aos heroicos sacerdotes, aos prestimosos diáconos, aos acólitos, leitores e a quantos formam o tecido eclesial da nossa diocese do Porto e animam, catequistas, ministros da comunhão. É impossível agora referir todas as situações de serviço que dedicamos à nossa diocese e todos é que fazemos dela uma família de irmãos. Na diversidade também das idades, temos aqui bebés com pouco mais de um mês de vida e temos um sacerdote praticamente com 101 anos e uma senhora quase com 103”, assinalou.
“Com esta peregrinação com a qual assinalamos o ano jubilar, damos um sinal claro: queremos ser um Porto peregrino, um povo de Deus que não se instala, que se põe a caminho pelas vias da esperança”, indicou.
O responsável deu conta que a peregrinação jubilar “não pretende ser um fim, mas precisamente um início, um arranque a toda a força para algo de novo e de belo”, apontando o “ritmo conciliar e sinodal”, em consonância com “o tempo e a cultura”.
“Não chegamos aqui desgarrados, solitários. Caminhamos, cantamos e rezamos. Caminhar juntos é o que define no essencial uma Igreja conciliar e sinodal”, afirmou.
D. Manuel Linda convidou a todos para colocarem os seus “carismas, habilidades e ministérios” ao “serviço do Reino de Deus”.
No Santuário de Fátima, o bispo do Porto disse que Maria é uma “figura da Igreja que escuta, reza, medita, dialoga, acompanha, discerne, decide e age”, verbos “sinodais” que “indicam ação” e convidou os diocesanos a “aprender com Maria a crescer junto como Igreja sinodal”.
“A escuta é a primeira dimensão a desenvolver na Igreja. Escuta de Deus, da Sua Palavra, mas também escuta dos outros e da realidade que nos interpela. Não para uma mera consulta, por uma sondagem de opinião, para impor ideias próprias ou seguir o pensamento da moda. Não. O seu objetivo na Igreja é o de buscarmos juntos, como Maria, a vontade de Deus para a pormos em prática”, indicou.
Como segunda atitude, D. Manuel Linda assinalou o “discernir”: “No silêncio da oração e do coração, Maria medita, pondera, dialoga, pesa, mede, avalia, considera todas as coisas, palavras e acontecimentos, sentimentos e desejos, para o situar em conformidade com a vontade de Deus”.
A terceira atitude, o bispo do Porto indicou ser a decisão e a ação.
“Ela decide o seu sim e, imediatamente, põe-se a caminho. De Maria aprendemos a ser uma Igreja em saída, missionária e não enredada em estéreis e intermináveis discussões. Tenhamos sempre nos pés a pressa da missão”, convidou.
LS