Porto: Capelão do São João encontra «90% do trabalho» por conta do cabeção

Padre Paulo Teixeira sublinha importância da assistência espiritual e religiosa em contexto hospitalar

Porto, 10 fev 2022 (Ecclesia) – O capelão do São João, no Porto, encontra a maior parte do seu trabalho ao circular pelo hospital visivelmente identificado como sacerdote católico, considerando que esta é uma paróquia “sui generis e enormíssima”.

“No Hospital de São João nunca entrei, saí ou permaneci sem o meu cabeção e ele arranja-me 90% do trabalho”, disse hoje à Agência ECCLESIA o padre Paulo Teixeira.

O sacerdote realça que “não há ninguém que fique indiferente àquele ‘pedacinho de plástico’, que não serve para nada, mas que é sinal de alguma coisa, de uma realidade maior”.

Numa entrevista a respeito do Dia Mundial do Doente (11 de fevereiro), este ano subordinado ao tema ‘«Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso» (Lc 6, 36). Estar ao lado de quem sofre num caminho de amor’, o padre Paulo Teixeira sublinha que a mensagem do Papa Francisco aponta ao Jubileu da Misericórdia (2015/2016), apresentando um “coração que se debruça sobre a miséria do outro”.

O sacerdote considera que a Pastoral da Saúde deu “muitos passos nos últimos 30 anos”, mas o Papa Francisco alerta, “e muito bem”, que “falta fazer ainda muito mais”.

Para o padre Paulo Teixeira, o Hospital de São João, situado na cidade do Porto, “é uma paróquia sui generis e enormíssima”, com 1200 camas de internamento de adultos e mais 100 de pediatria, camas das urgências, 8 mil funcionários, 16 quilómetros de corredores e 3500 consultas externas diárias.

A assistência espiritual e religiosa na instituição tem “um volume de trabalho intenso” e “uma procura muito grande, tanto dos doentes e famílias mas também dos profissionais”, acrescentou.

Nesta paróquia “diferente”, o conceito de fragilidade está “bem visível”, mas nas outras paróquias a “fragilidade também existe, apesar de menos vista porque os párocos não têm tempo”, disse o capelão.

O padre Paulo Teixeira destacou que, no espaço hospitalar, o humanismo deve reinar, admitindo que, com a situação pandémica, o lado afetivo ficou mais distante.

“No Hospital de São João, houve sempre essa sensibilidade para permitir que as famílias se aproximassem dos seus doentes”, realçou.

O capelão, que procura “ler os olhos das pessoas”, recorda os  profissionais de saúde que viu “de rastos, mas que trabalhavam todos os dias”, no período “mais crítico” da pandemia.

LFS/OC

 

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Agência ECCLESIA

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