D. Manuel Linda presidiu à celebração, na catedral do Porto, convidando ordenados a ser «alegres na esperança»

Porto, 14 jul 2025 (Ecclesia) – O bispo do Porto, D. Manuel Linda, presidiu este domingo, na catedral diocesana, a três ordenações presbiterais, numa celebração em que destacou os ferimentos de que a humanidade hoje padece.
Na homilia, D. Manuel Linda evidenciou as “três especiais feridas” que podem “gangrenar e fazer apodrecer a saúde de uma humanidade chamada à plenitude da salvação”.
Neste seguimento, o bispo do Porto apontou o “individualismo que desvia o olhar da sorte do irmão, tal como o sacerdote e o levita de que falava a parábola, e que, em último grau, pode levar à máxima crueldade da guerra”.
Como segunda ferida, D. Manuel Linda indicou o “estilo maneirista de vida que imagina que a felicidade equivale à posse e desfrute de bens de luxo e requinte, olvidando que a verdadeira satisfação reside no bem-estar emocional, na harmonia dos relacionamentos e na capacidade de atingir belas metas”.
Por último, o bispo do Porto nomeou a “incapacidade de organizar o tempo, devido às múltiplas ocupações artificialmente criadas”.
“É aqui que entra o padre como em casa e causa própria. Não está no mundo para o acusar, mas para o fermentar nos valores sólidos e elevados. Sabe que a dimensão religiosa continua presente. Mas que também ela pode não transcender uma perspetiva de vida individualista, consumista e desorganizada”, referiu.
Segundo o bispo diocesano, o sacerdote “faz do ministério uma chave de acesso ao coração humano para aí implantar a fé que o transforma e o abre ao amor a Deus e aos outros”.
“Sem descuidar os gestos religiosos que se enraizaram na alma do nosso povo e que o abrem ao mistério, procura dar-lhe o alimento sólido da Palavra transformante, por intermédio de um acompanhamento personalizado, uma formação contínua e uma inserção sinodal na vida e missão da Igreja”, acrescentou.
Para D. Manuel Linda, “uma Igreja ministerial, viva, fiel e consciente dos desafios e dos sinais do tempo passa por aí”.
“Nesta linha, o ministério sacerdotal, hoje, exige muitíssimo mais ao padre que no passado. E somos menos. Por isto, quero agradecer a todos aqueles que colocam o centro de gravidade na fé vivida, celebrada e testemunhada”, expressou o bispo do Porto.
D. Manuel Linda considera que sacerdotes “desmentem, no concreto da sociedade eclesial, aquela velha frase velhaca de que ‘não há vida como a do padre’”.
Se se referirem aos sacrifícios, ocupações, trabalhos, comidas fora de horas, esquecimento de si, doação, etc., então sim, não há mesmo vida como a do padre…”, sublinhou.
Durante a homilia, D. Manuel Linda convidou os novos sacerdotes a serem “’alegres na esperança’, já que, como um dia disse o Papa Francisco, a alegria e esperança ou dão as mãos ou não se reconhecem, porquanto alegria sem esperança é mero divertimento e esperança sem alegria não ultrapassa o otimismo momentâneo”.
No final da homilia, o bispo do Porto exortou os novos padres a não esquecerem que “o sacerdócio é sempre relacional: com Deus, com o Presbitério encabeçado pelo bispo e com o Povo”.
“E esse relacionamento exercita-se no concreto da oração, na direção espiritual, formação contínua, coordenação pastoral a nível diocesano e de Vigararia, nas refeições tomadas em conjunto, no gosto de estar com os colegas, na corresponsabilidade alargada, no estilo de vida simples e próximo de todos, etc”, realçou.
Segundo D. Manuel Linda, se os novos padres assim o fizerem, constituir-se-ão “faróis da esperança para a Igreja e para o mundo”.
LJ/OC