Porto: Bispo destaca «ousadia evangélica e coragem» dos seus antecessores

Na abertura do colóquio internacional dedicado aos 900 anos da restauração da diocese

Porto, 17 out 2014 (Ecclesia) – O bispo do Porto abriu hoje o colóquio internacional “Um poder entre poderes”, inserido nos 900 anos da restauração da diocese, recordando aqueles que o antecederam na História e foram decisivos para a consolidação da Igreja Católica local.

Na sua saudação inicial, acompanhada pela Agência ECCLESIA, D. António Francisco dos Santos sublinhou a importância de D. Hugo, que a partir de 1113 deu corpo à “necessária e desejada restauração da diocese, depois da reconquista cristã do território a norte e a sul do Douro”.

“D. Hugo decidiu a sede, iniciou a edificação da Sé, construiu a primeira residência episcopal e a partir de uma e de outra desenvolveu a cidade e delineou os limites geográficos do território eclesiástico da diocese do Porto”, salientou o prelado.

D. António Francisco dos Santos destacou ainda “outros bispos que marcaram indelevelmente” a identidade social e religiosa da região, sobretudo entre o período “do renascimento e da época moderna”.

Homens que ajudaram a diocese a consolidar-se na “defesa da retidão e da justiça” e a dar à cidade do Porto “projeção económica e social”, tornando-a mais “empreendedora, democrática, livre e leal”.

Responsáveis católicos a quem “nunca faltou ousadia evangélica e coragem” para estarem sempre do lado da liberdade, na defesa da dignidade humana, na promoção da justiça e na escuta atenta e solidária do clamor dos pobres”, complementou.

O bispo do Porto invocou depois a memória de D. António Barroso e D. António Ferreira Gomes, que assumiram os destinos da Diocese do Porto em fases muito conturbadas da sociedade portuguesa, marcadas por acontecimentos como a queda da Monarquia e implantação da República (1910), e mais tarde a subida ao poder do regime autoritário do Estado Novo.

“Um e outro tiveram de pagar o doloroso preço do exílio para salvaguardar a liberdade e o direito para os seus concidadãos”, frisa D. António Francisco dos Santos, para quem a “memória e o legado” dos seus antecessores deve ser “luz para o caminho” atual da diocese portuense e “esperança confirmada para os sonhos” de todas as comunidades.

Num “tempo de aumentadas dificuldades”, o bispo do Porto quer uma Igreja Católica local “perita em humanidade”, recordando a “sábia e santa expressão de Paulo VI”, que vai ser beatificado este domingo no Vaticano.

Aponta ainda para a necessidade de “uma Igreja de coração acolhedor, materno, compassivo e misericordioso; atenta aos mais pobres, aos que mais sofrem e aos que se sentem mais distantes ou mais esquecidos; decidida a proclamar sempre e em toda a parte as bem-aventuranças do evangelho”.

O colóquio internacional, dedicado aos 900 anos da restauração da Diocese do Porto e da construção do Cabido portucalense, está a ser acolhido pelo Seminário Maior de Nossa Senhora da Conceição.

A iniciativa conta com a participação de cerca de 170 pessoas, entre professores universitários, investigadores e estudantes vindos das regiões de Coimbra, Lisboa, Porto e Minho.

No último dia de trabalhos, D. António Francisco dos Santos vai celebrar uma missa de ação de graças, às 16h00 na Sé do Porto.

JCP

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