Porto: Bispo destaca importância dos migrantes na sociedade, que também ajudam a «compreender a dinâmica da peregrinação»

«Como Cristo, sermos peregrinos de fé, de esperança e de justiça» – D. Manuel Linda

Porto, 18 abr 2025 (Ecclesia) – O bispo do Porto explicou que a liturgia da Palavra desta Sexta-feira Santa começa por apresentar “um ‘homem de dores’”, de “quem se vira a cara para o outro lado” como se faz com os “deformados” e “muitos migrantes”.

“Sabemos bem que esse homem das dores tem um nome: Jesus de Nazaré, como se narra neste longo Evangelho da Paixão. O Senhor, porém, não é o único perante quem se vira a cara para o outro lado. Penso, por exemplo, nos deformados pela doença ou pelos vícios. E até nos muitos migrantes que, connosco, coabitam na nossa cidade e região”, disse D. Manuel Linda, na Sé do Porto.

Na homilia enviada à Agência ECCLESIA, o bispo diocesano afirmou que se deve “muito” a esses migrantes, que “executam trabalhos de baixo nível social que outros não querem fazer”, mas, fundamentalmente, ajudam a “compreender a dinâmica da peregrinação”, lema para este ano jubilar e temática geral que escolheu para a Páscoa.

“Eles deixaram, a sua terra, família, língua e costumes sabendo que iam encontrar realidades que lhe eram completamente estranhas e condições de vida que seriam difíceis ou até dolorosas. Fizeram-se ao caminho na procura ardente de melhores condições de vida, quase numa espécie de desafio que se lançaram a si próprios do tudo ou nada. E decidiram-se pelos sacrifícios por uma causa boa, convencidos como estavam que não avançar no caminho já seria retroceder”, desenvolveu.

Foto: Diocese do Porto/Miguel Mesquita

D. Manuel Linda, na homilia intitulada ‘Peregrinos da Cruz’, explicou que Jesus, o Cristo, “morreu pelos valores do Reino de Deus” e para conduzir a todos “ao seio do Pai”, pôs-se a caminho “não tanto para chegar ao Calvário”, mas para inaugurar o tempo novo da luz e da vida em plenitude, “para chegar à sua Páscoa e à Pascoa do mundo novo”.

“Irmãs e irmãos, é este o desafio que também hoje se nos faz: como Cristo, sermos peregrinos de fé, de esperança e de justiça. A fé leva-nos a tê-l’O como o grande e único paradigma da nossa vida; a esperança garante-nos que a Páscoa de vida e ressurreição é possível, que o tempo novo chegará, enfim, que a grande peregrinação da humanidade, na sua ânsia de mais e de melhor, encontra em Jesus o cumprimento feliz de todas as expectativas; a justiça compromete-nos com todos os «homens das dores» e a realizar obras de elevação e de fraternidade para o nosso mundo.”

O bispo do Porto, concluiu a homilia de Sexta-feira Santa, a pedir aos presentes que não hesitem nesse “compromisso”: “Nós damos a boa vontade, mas o Salvador dá o exemplo e a força. Coragem! Ele está connosco!”

CB

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