Porto: Bispo critica estreiteza da «humanidade» difundida pelo «imaginário comum»

Sociedade está pouco preparada, «cultural e mentalmente, para o que desafie ou contrarie tão curto padrão», afirmou D. Manuel Clemente

Porto, 06 dez 2012 (Ecclesia) – O bispo do Porto afirmou esta quarta-feira que “a humanidade proposta pelo imaginário comum”, difundida “com muita carga publicitária e consumística à mistura” é de “estreitíssima figura”.

A sociedade está pouco preparada, “cultural e mentalmente, para o que desafie ou contrarie tão curto padrão”, disse D. Manuel Clemente numa intervenção integrada nas comemorações dos 50 anos do Serviço de Psiquiatria do Centro Hospitalar de São João, no Porto, refere o site diocesano.

“Estamos, basicamente, pouco disponíveis para acolher, em nós e nos outros, uma humanidade essencial em que todos caibamos [e] menos ainda para percebermos que a deficiência do outro apela a um relacionamento positivo de que somos os primeiros beneficiados”, sublinhou.

Na conferência intitulada ‘Saúde mental e Deus’, o prelado lembrou a permanência no pontificado de João Paulo II, apesar de “muito debilitado fisicamente, de vários males que há anos se agravavam”.

O testemunho do Papa polaco foi “um apelo à consciência de todos sobre o valor e a dignidade da pessoa debilitada, que nem por isso se pode excluir, como ela própria não se há de excluir a si mesma, ainda que naturalmente condicionada”.

O vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa frisou que a deficiência diz respeito a toda à sociedade: “É de nós todos que falamos quando nos equacionamos com as deficiências dos outros. E é com eles que contamos, para resolver também as muitas lacunas da humanidade que nos falta”.

D. Manuel Clemente observou também que Jesus tem uma “atitude recriadora” diante de “tudo aquilo que limite o ser humano e ao que pode e deve ser”.

“A cura tem de ser global, tratando do corpo sem descurar a mente e cuidando da mente sem esquecer que o corpo é o símbolo e o modo da nossa relação com os outros”, dado que “sem exercício recíproco da relação não há cura, mental ou outra”, assinalou.

Para o bispo do Porto “toda a aventura humana, da literatura às artes, da solidariedade à simbolização pessoal e coletiva” aponta para “mais do que consegue”, tornando-se um “indício expectante dum absoluto encontro”.

RJM

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Agência ECCLESIA

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