Porto: Bispo associa-se a comemoração do Dia da Consciência

D. Manuel Linda assinala data que evoca figura do português Aristides Sousa Mendes

Porto, 17 jun 2024 (Ecclesia) – O bispo do Porto, D. Manuel Linda, pediu aos sacerdotes e catequistas que se associem à celebração do Dia da Consciência, celebrado hoje.

D. Manuel Linda pede a comemoração da data, insistindo no tema da liberdade de consciência, base dos direitos humanos e “sacrário no qual o homem se encontrará a sós com Deus”, pode ler-se numa nota publicada esta segunda-feira pela Diocese do Porto.

A mensagem recorda a história do patrono do Dia da Consciência que deu origem à celebração, referindo que “a 17 de junho de 1940, quase no início da II guerra mundial, o Cônsul português em Bordéus, Aristides Sousa Mendes, começou a distribuir passaportes aos judeus para que estes fugissem de França, pois havia começado o processo de deportação para os campos de concentração e consequente extermínio: o «holocausto»”.

“O Governo português da altura opôs-se firmemente, mas ele continuou a fazer isso. Seria destituído das funções”, assinala a Diocese do Porto, que acrescenta que situação causou ao diplomata “imensas dificuldades económicas”, tendo “vindo a morrer pobre”.

A consciência é para os cristãos “determinante para a dignidade de atuação”, salienta a mensagem, citando o Concílio Vaticano II: “No fundo da própria consciência, o homem descobre uma lei que não se impôs a si mesmo, mas à qual deve obedecer; essa voz, que sempre o está a chamar ao amor do bem e fuga do mal, soa no momento oportuno, na intimidade do seu coração: faze isto, evita aquilo” (OT 16).

A Diocese do Porto lembra que “a consciência traz consequências, como no caso de Aristides”, mas “constitui a expressão da dignidade pessoal de não se deixar vergar à prepotência de quem quer que seja”.

“Foi por obediência à consciência que os mártires se deixaram matar. É na fidelidade à consciência que muitos profissionais se recusam praticar ações que lhe repugnam, tais como executar a pena de morte, abater populações indefesas ou soldados que se renderam, praticar a eutanásia, cometer aborto, etc”, indica.

O Dia da Consciência começou a ser assinalado em 2020, em homenagem a Aristides Sousa Mendes, que nasceu em Cabanas de Viriato (Carregal do Sal), na Diocese de Viseu, em 1885, e morreu em abril de 1954, em Lisboa.

O cônsul foi condecorado, a título póstumo, em 1986, com o grau de Oficial da Ordem da Liberdade e, em 1995, com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo, ambas pelo Presidente Mário Soares e em 2016, com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa.

Em 2021, Aristides Sousa Mendes recebeu honras de Panteão Nacional, um reconhecimento que chegou 80 anos depois de ter sido expulso da carreira diplomática, por ter ousado desafiar as ordens de Salazar, informa o Panteão.

LJ/OC

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Agência ECCLESIA

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