D. Manuel Linda pergunta se não é um «sinal justificativo» para aprovar a eutanásia
Porto, 18 dez 2018 (Ecclesia) – O bispo do Porto questiona se a “eliminação” da figura do «cuidador informal» da proposta da Lei de Bases da Saúde “não será” o primeiro sinal justificativo da eutanásia “que se quer implementar a toda a força”.
«Cuidai-vos como puderdes porque nem investimos em meios paliativos nem valorizamos a atividade daqueles que vos tratam nas vossas casas» é, para D. Manuel Linda, a mensagem que o Estado português está a mandar “aos doentes crónicos e velhinhos” que têm “sempre” a saída do “suicídio, mais ou menos assistido”.
Na sua mensagem, o bispo do Porto contextualiza que o Conselho de Ministros aprovou a proposta da Lei de Bases da Saúde que vai ser enviada à Assembleia da República para votação final, e alerta que há “um sem número de aspetos que denotam descrença na sociedade civil”.
“Foi particularmente ressaltado como sintomática a eliminação da proposta do «cuidador informal», uma novidade da equipa que trabalhou o projeto, coordenada pela antiga Ministra da Saúde e militante do partido governamental, a Dra. Maria de Belém Roseira”, acrescenta.
D. Manuel Linda pergunta se “não será este o primeiro sinal justificativo da eutanásia que se quer implementar a toda a força”, como “muitos médicos já fizeram notar”, “não valorizar o estatuto” desses cuidadores, consequentemente, “ao não regulamentar aspetos de potenciais conflitos com o trabalho e o emprego”, e “sendo previsível” que o Governo português não vá investir em “mais Unidades de Cuidados Continuados porque não tem dinheiro”.
O bispo do Porto explica que está em causa a “dignificação do papel e da atividade de familiares, voluntários e amigos” que, sob a orientação dos profissionais da saúde acompanham os doentes que “os hospitais e centros de saúde não podem dispensar, quer por motivos económicos, quer por falta de profissionais”.
“Calcula-se que esses cuidados informais valem (ou custariam) qualquer coisa como quatro mil milhões de euros por ano. Um balúrdio que o país não tem nem terá nos tempos próximos…”, lê-se no artigo ‘Subtilezas’ publicado no sítio online da diocese.
O Parlamento português rejeitou este ano quatro projetos de lei que propunham a despenalização da eutanásia, apresentados pelos partidos PS, BE, PAN e PEV.
No dia 29 de maio, os 229 deputados presentes no hemiciclo “chumbaram” o projeto do Partido Socialista por 115 votos contra, 110 a favor e 4 abstenções.
O projeto do PAN teve 107 votos a favor, 116 contra e 11 abstenções.; o diploma do BE contou com 117 votos contra, 104 a favor e 8 abstenções; já a proposta do PEV teve 104 votos favoráveis, 117 contra e 8 abstenções.
CB
Eutanásia: Parlamento rejeita projetos sobre despenalização (c/vídeo)