Porto: Associação «Compassio» lançou campanha «Em Luto Contigo – Dar voz à perda»

Porto, 25 mai 2025 (Ecclesia) – A ‘Compassio – Associação para a Construção de Comunidades Compassivas’ lançou hoje a campanha ‘Em Luto Contigo – Dar voz à perda’, que quer que seja um movimento, no contexto do primeiro ‘Festival do Luto’, que dinamizou no Porto.

“O luto não tem um roteiro fixo, é muito único e muito pessoal.  Mas, ao mesmo tempo, também completamente universal e comunitário. Acreditamos que nós, comunidade, temos um papel muito grande aqui”, realçou a presidente da ‘Compassio’, em declarações à Agência ECCLESIA.

Mariana Abranches Pinto explica que a “grande maioria” das pessoas que participaram estão ligadas à associação, participaram nas suas atividades para pessoas em processo de luto, como grupos comunitários de partilha, os Grupos ‘Casa’, os retiros, e, adicionalmente, têm o humorista António Raminhos e a jornalista Laurinda Alves, “que aderiram imediatamente à campanha”.

Na campanha ‘Em Luto Contigo – Dar voz à perda’, que quer que seja um movimento, onde perguntaram a 13 pessoas “o que é que gostam ou não gostam de ouvir sobre o seu processo de luto”.

Rita Alves, do Porto, é sócia da ‘Compassio’, entrou num workshop de vários dias ‘Luto em Casa’, “na altura de luto por um irmão”, que “ajudou imenso”, onde encontrou “outras pessoas a partilharem aquilo que, muitas vezes, fora da associação não conseguiam partilhar, e, mais tarde, fez também o luto pela amiga Raquel.

“É preciso dar voz ao luto, é preciso dar voz à perda, porque é uma coisa que as pessoas não gostam de falar, eu considero que é solitário, o luto é solitário, e, muitas vezes, nós precisamos de falar, ou nós queremos falar, e as pessoas não estão abertas para isso, ou não sabem como responder, ou então não sabem como reagir. E o que a ‘Compassio’ faz é abrir ao luto, à perda, isso tudo”, desenvolveu à Agência ECCLESIA.

Foto: Agência Ecclesia/CB

‘Gosto de ouvir as mensagens faladas da Raquel’, é a frase que Rita Alves partilha na campanha ‘Em Luto Contigo – Dar voz à perda’, e explica que essas mensagens, que são “muitas”, “estão no WhatsApp”:

“Ainda bem que tenho, e quando tenho mais saudades dela, vou ouvi-las, e dá-me paz, dá-me alegria, e voltar a ouvir a voz dela é muito bom”, acrescentou a entrevistada, para quem a perda “pode ser vivida de uma maneira partilhada, e com empatia”.

Segundo o padre Rui Santiago, que participou na conversa ‘E se vivêssemos o luto de outra forma’ no 1.º festival do Luto, a Igreja Católica tem de “aprender com todos e partilhar com todos”, porque “há um diálogo missionário a exercer no mundo”, com todos aqueles que “procuram o melhor do ser humano, e procuram respostas verdadeiramente humanas aos dramas do humano”, como a ‘Compassio’, que “é um dos belíssimos exemplos neste momento em Portugal de uma coisa bem-feita”.

O sacerdote dos Missionários Redentoristas em Portugal acrescentou que uma das coisas que podem aprender, como associações como a ‘Compassio’ “é o facto de trazerem uma necessária renovação da linguagem”, que “não usam um linguajar religioso, que não têm um formato dos rituais próprios da liturgia cristã ou das paraliturgias cristãs”, e deve provocar “a uma criatividade também litúrgica, uma criatividade simbólica e uma renovação do léxico”.

A primeira edição do ‘Festival do Luto’, na cidade do Porto, realizou-se este sábado, dia 24 de maio, com um programa com “muitas atividades, muito diferentes” para todas as pessoas, das crianças aos adultos, na Praça do Marquês de Pombal, na Paróquia Senhora da Conceição, também no Marquês, e na Escola Superior de Educação Paula Frassinetti, onde a associação tem a sede.

A ‘Compassio’ – Associação para a Construção de Comunidades Compassivas – tem 63 sócios, já promoveu 770 ações, e 10180 participantes.

CB/OC

Porto: Associação ‘Compassio’ promoveu «Festival do Luto» para «desmistificar e criar uma nova cultura»

Partilhar:
Scroll to Top