Porto: «A paz não se cria por decreto», afirmou bispo diocesano

D. Manuel Linda promoveu um encontro com os bispos eméritos residentes na diocese

Foto: Diocese do Porto/João Lopes Cardoso (arquivo)

Porto, 05 jan 2024 (Ecclesia) – O bispo do Porto afirmou que “a paz não se cria por decreto”, na homilia ‘A poesia da paz’, na Missa da Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, que presidiu no dia 1 de janeiro, na Sé.

“A paz, sendo a concentração de todos os bens, antes de se tornar realidade externa, é disposição interior. É aquela atitude de fundo que molda a personalidade de todos e cada um de nós: é dom de Deus, mas também trabalho fatigoso pessoal, conquista que supõe forte investimento no perdão, altruísmo, generosidade, justiça social e na fraternidade”, disse D. Manuel, na homilia enviada hoje à Agência ECCLESIA.

O bispo do Porto explicou que “a paz não se cria por decreto”, mas constrói-se no “desarmamento da consciência”, base da edificação de um mundo mais justo, e salientou que a paz é respeito pelo direito, a nível nacional e internacional, mas também por aquela moralidade que “baliza o bem e o mal, mesmo que a descoberto da lei”.

“E nisto muito há que mudar; infelizmente, entre nós, existe exploração de migrantes, particularmente dos sem-papéis. Há caves arrendadas a preço de ouro e em condições indignas; há retenção de parte do salário com o pretexto disto e daquilo; há horários de trabalho cruéis; etc. No fundo, há quem viva do sangue que suga a estrangeiros”, exemplificou na homilia ‘A poesia da paz’.

No 1º de janeiro, a Igreja Católica celebra o Dia Mundial da Paz, uma “jornada de consciencialização” instituída há 57 anos, para este ano de 2024, o Papa Francisco escreveu a mensagem ‘Inteligência Artificial e a Paz’.

“Neste tempo de «aceleração da história», o que hoje é apenas pressentido, amanha será realidade, facto reconfortante e construtivo ou momento desumanizador e destrutivo. Nesta linha se insere a preocupação do Papa”, explicou o bispo do Porto, sobre um tema que parece “tão abstrato e longínquo das necessidades diárias”.

D. Manuel Linda destacou na Eucaristia do primeiro dia de 2024 que o novo calendário apresentava “366 páginas em branco”, e questionou se iam escrever “gestos de paz que tudo recria ou da rotina que leva à destruição”.

Na homilia da Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, o bispo diocesano começou por explicar que com essa celebração concluíam a oitava do Natal, e depois de “tudo” se concentrar no Menino, nesse dia “o pensamento dirige-se para a sua Mãe”.

A Diocese do Porto informa ainda que, no dia 2 de janeiro, D. Manuel Linda convidou os bispos eméritos residentes na diocese para um almoço na casa episcopal.

Participaram neste encontro D. António Taipa, bispo auxiliar do Porto de 21 de fevereiro de 1999 a 23 de dezembro de 2018, D. Gilberto Canavarro, bispo emérito de Setúbal (1998-2015), que foi auxiliar no Porto de 16 de novembro de 1988 a 22 de abril de 1998, e D. Januário Torgal Ferreira, bispo emérito das Forças Armadas e de Segurança (2001-2013).

O jornal ‘Voz Portucalense’ destaca também a presença dos três bispos auxiliares da Diocese do Porto – D. Vitorino Soares, D. Joaquim Dionísio e D. Roberto Mariz -, e de D. Carlos Azevedo, bispo natural desta diocese que é delegado do Comité Pontifício para as Ciências Históricas (Santa Sé).

CB

 

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Agência ECCLESIA

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