Porto: A esperança «não se resigna à guerra, mas apela à paz, oportuna e inoportunamente»

Bispo do Porto presidiu à celebração da Paixão na Sé diocesana e indicou que o caminho da Igreja é a «plenitude da vida», rejeitando a «idealização do passado»

Porto, 29 mar 2024 (Ecclesia) – O bispo do Porto afirmou hoje na homilia da celebração da Paixão do Senhor que a Igreja não vive da morte, mas da esperança, que “impulsiona à ação” e “apela à paz”.

“A esperança, como virtude escatológica, não impele à fuga do presente, mas impulsiona à ação. É ela que fomenta o diálogo e a fraternidade no meio de tantas situações de conflito, de desigualdades, de sofrimento. É ela que não se resigna à guerra, mas apela à paz, oportuna e inoportunamente”, afirmou D. Manuel Linda.

Na celebração da Paixão, que evoca a morte de Jesus na Cruz, o bispo do Porto disse que a oração fundamenta-se também na esperança, pois “só quem espera é capaz de rezar, porque orar é dirigir-se a um Outro, confiando, confiando-se e confiando-lhe os problemas do mundo quando parece que, por nós, já não há mais a fazer”.

Na homilia proferida na Catedral do Porto, D. Manuel Linda sustentou que, no contexto da Igreja Católica, a esperança “combate a idealização do passado e a visão apocalíptica do presente, como se o passado fosse uma maravilha – o que é mentira – e o presente uma desgraça, como se o bem sem medida e os imensos Cireneus e Verónicas tivessem desaparecido do mundo”.

“A Igreja, ao viver a esperança e da esperança, presta um serviço à fé e aos crentes, mas não menos ao mundo, pois liberta, abre para a luz e contribuiu para que a sede de Deus seja saciada”.

“A Igreja assume-se como um povo peregrino em caminho. E só caminha porque acredita na meta que a todos espera. Sim, a Igreja vive da esperança, até porque, como diria Charles de Gaulle, ‘o fim da esperança é o começo da morte’. E nós somos vida, somos ressurreição”, concluiu o bispo do Porto.

D. Manuel Linda lembrou que a Igreja não permanece “na morte, mas no vigor e plenitude da vida” e os seguidores de Cristo não ficam “paralisados, atrofiados, inibidos. Estamos bem ativos, solícitos, edificadores”.

“Somos anúncio de vida nova, porque já a temos em nós. E isto é a esperança”, sustentou.

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