Isilda Gomes lembrou que padres Domingos e Arsénio, quando chegaram em 1975, «quiseram estar próximos dos cidadãos, conhecer melhor os seus problemas»

Portimão, 10 abr 2025 (Ecclesia) – A presidente da Câmara de Portimão, entre 2013 e 2024, destacou que a ação social da Companhia de Jesus permitiu “chamar a atenção para problemas”, nos últimos 50 anos, numa conferência sobre o regresso dos Jesuítas à diocese algarvia.
“Quer o senhor padre Domingos, quer o senhor padre Arsénio, quando chegaram a esta cidade, foi como se chegasse uma espécie de uma luz, quiseram estar cada vez mais próximos dos cidadãos, das pessoas que tinham ao seu lado, conhecer melhor os seus problemas. Isto é fundamental porque se não conhecermos as pessoas não as podemos ajudar”, disse Isilda Gomes, no auditório do Museu de Portimão, citada pelo jornal diocesano ‘Folha do Domingo’.
As três paróquias da Diocese do Algarve confiadas à Companhia de Jesus – Nossa Senhora do Amparo (Portimão), Mexilhoeira Grande e Odiáxere – estão a dinamizar um programa com eventos para dar a conhecer a sua história, que faz memória de um triplo aniversário: os 500 anos da construção da igreja paroquial, os 50 anos do padre Domingos Monteiro da Costa como seu pároco, e os 50 anos do regresso dos jesuítas ao Algarve.
Isilda Gomes, antiga presidente da Câmara de Portimão (2013-2024), recordou que começou a ouvir que “um trabalhava na estiva e era um padre comunista”, o padre Arsénio Castro da Silva, falecido em 2012, e que o padre Domingos da Costa “ia à Alemanha buscar dinheiro e estava a fazer coisas e a transformar a área social da Mexilhoeira [Grande]”.
Neste contexto, a eurodeputada portuguesa contou que pensou: “Há aqui gente que está a fazer diferente, que não está a fazer caridade, mas está a fazer solidariedade”.
“O padre Domingos chegou à Mexilhoeira [Grande] e, vendo que não havia nada para as crianças, arranja uma creche. O padre Arsénio chegou a Portimão e, verificando que tínhamos muitos ciganos, pegou no seu jipe e ia buscar as crianças e pô-las numa escola”, desenvolveu Isilda Gomes, destacando que havia “um envolvimento pessoal” dos dois sacerdotes jesuítas em transformar aquela sociedade “numa sociedade melhor”.
Sobre o padre Domingos Monteiro da Costa, que continua ao serviço na Diocese do Algarve, onde desenvolve o seu trabalho pastoral desde 1975, a antiga autarca de Portimão salientou que “não se conformava com a pobreza, não se conformava com a dificuldade das pessoas”, e aquilo que dizia “era uma espécie de grito de revolta”.

A responsável política, lembrou que este sacerdote construiu a Aldeia de São José de Alcalar, instituição da Paróquia da Mexilhoeira Grande que acolhe idosos, que vivem nas suas casas, e conta ainda com um centro infantil.
Isilda Gomes agradeceu ao padre Domingos da Costa ter tornado a comunidade “mais feliz, mais igual e mais humanizada”, enquanto o sacerdote jesuíta salientou que “quando os cristãos tomam a peito o mandamento do amor, dão-se bem com todo o mundo”, mas “quando se fecham nas igrejas é que, se calhar, é o contrário”, informa o jornal ‘Folha do Domingo’.
A eurodeputada portuguesa, que integra a Comissão Especial do Parlamento Europeu sobre a Habitação, destacou que a falta de habitação é o “principal problema” social da Europa, e explicou que “quem mais deve preocupar são os pobres modernos”, as pessoas que “ganham tão pouco que não têm casa”.
“Quando tivermos habitação para todos – e não é habitação social, falamos em habitação acessível e condigna -, quando conseguirmos atingir esse objetivo temos metade dos problemas resolvidos”, acrescentou Isilda Gomes, contabilizando que na Europa “85 milhões de pessoas não têm casa ou têm carência habitacional”.
Na celebração que quer assinalar os 50 anos do regresso da Companhia de Jesus à Diocese do Algarve destacam “dois períodos”: “Dos finais do séc. XVII, com a construção do Colégio de São Francisco Xavier, até 1759, com a expulsão dos Jesuítas pelo Marquês de Pombal, e um segundo período, no séc. XX, quando os jovens padres jesuítas, Arsénio Castro da Silva e Domingos Monteiro da Costa, foram enviados para o Algarve, em 1975, e por indicação de D. Florentino fixaram-se nas paróquias de Portimão”.
CB/OC