Portalegre: Problemas nas famílias preocupam bispo

Carta pastoral de D. Antonino Dias destaca a necessidade de uma ação pastoral mais inovadora e criativa

Portalegre, 27 fev 2012 (Ecclesia) – O bispo de Portalegre-Castelo Branco aponta a desagregação do tecido familiar e o abandono dos idosos como dois problemas prioritários a combater pela Igreja Católica na região

Numa carta em que analisa os seus primeiros três anos de atividade pastoral, publicada na página da diocese na Internet, D. Antonino Dias chama a atenção para as famílias que “não conseguiram concretizar plenamente o projeto inicial que abraçaram com entusiasmo e esperança, vivendo agora desfeitas e constrangidas”.

Casos de “famílias monoparentais”, assentes apenas no pai ou “mais frequentemente” na mãe, “são cada vez mais comuns”, salienta o também presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família, que teve oportunidade de acompanhar agregados “resultantes de segundos e terceiros casamentos, em que filhos de um e de outro coabitam”.

Paralelas a esta realidade, surgem cada vez mais situações de “violência familiar”, nascidas de “fatores como o álcool, a pouco formação humana ou perturbações mentais” e que atingem “sobretudo mulheres, idosos e crianças”.

O bispo espera que “a consciência clara desta iniquidade dê às comunidades cristãs a capacidade de intervir da melhor forma, de modo a que o direito à integridade das vítimas seja salvaguardado e que os agressores se arrependam e salvem”.

No que diz respeito aos mais velhos, D. Antonino Dias lembra que, para além da “violência física, psicológica e verbal”, eles estão também sujeitos à “solidão física e afetiva”.

Segundo aquele responsável, “a sociedade, em geral, e algumas famílias em particular, não estão preparadas nem adaptadas à população cada vez mais idosa”.

Aqueles que ao longo da sua vida funcionaram como “ATL, creche, escola e, tantas vezes, capela e sala de catequese” de filhos e netos, autênticos “pontos de referência” das comunidades, procuram agora soluções para “viver com dignidade”, lamenta.

Perante estes problemas, o prelado pede ao clero uma maior “inovação e criatividade”, alertando para o facto de, apesar da escassez de recursos humanos, “a percentagem de tempo dedicada à repetição de iniciativas esgotadas é altíssima”.

“Invistam no que é essencial e não se dispersem no que outros podem fazer”, desafia o bispo de Portalegre-Castelo Branco, sustentando no entanto que “sem uma vida intensa de oração e a desejada dinâmica sacramental, a ação tornar-se-á estéril ativismo e os frutos recolhidos mais não serão que populismo que não converte, antes descentra e afasta”.

Num contexto difícil para o país e para a região, aquele responsável conta com o apoio dos leigos, “seja na ação sociocaritativa, na liturgia, na catequese ou na administração dos bens temporais da Igreja”.

“São pedras chave na construção de comunidades vivas e fecundas, onde cada um participa e contribui, pondo os seus dons ao serviço de todos”, refere o bispo, que recentemente concluiu uma visita pastoral a todas as paróquias.

JCP

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