Portalegre: Desenvolvimento adiado?

Mensagem do Presidente da Cáritas diocesana

A Cáritas Diocesana de Portalegre – Castelo Branco, em comunhão com o senhor Bispo – D. Antonino Dias, manifesta preocupação e está atenta à situação gerada pelos diversos despedimentos que se têm verificado na nossa Região e que culminaram com o encerramento da Empresa DELPHI em Ponte de Sor.

O Distrito de Portalegre, que ao longo dos tempos tem sido vitimado por um atraso estrutural, quer no contexto nacional, quer no contexto da região Alentejo, entrou no século XXI ameaçado pela desertificação social e pelo retrocesso económico. Encerraram as indústrias tradicionais que foram a base da economia local ao longo do último século – a Indústria de Lanifícios e a Indústria Corticeira. Também, a manufactura de tapeçarias de Portalegre, que fez história aquém e além fronteiras, entrou em fase de declínio. Outras Indústrias, que se instalaram no Distrito mais recentemente, também encerraram – a JOHNSON CONTROLS, em Portalegre, que deixou no desemprego cerca de 225 trabalhadores, a SUBERCENTRO em Ponte Sor com 136 e agora a DELPHI, também em Ponte de Sor que, até 31 de Dezembro, acrescenta a este número de desempregados mais 436 trabalhadores.

No sector primário, passamos a ter uma agricultura quase de subsistência, tendo esta actividade diminuído no Distrito mais de 70%. O Sector Secundário viu desaparecer as Indústrias mais representativas. Resta o Sector Terciário que ainda vai mantendo ocupado um relativo número de trabalhadores. Contudo, até este sector de actividade, com a deslocalização de muitos serviços da administração central e regional, para Évora e Lisboa, está a perder capacidade de empregabilidade e de fixação da população.

Este cenário, assim descrito, poderá parecer demasiado pessimista mas, infelizmente, a realidade comprova-o. Ao descrevê-lo pretendemos chamar a atenção para o sofrimento de tantas famílias que se viram arrastadas para a pobreza, aumentando, consideravelmente, o número de pobres já existentes nesta região. Uma pobreza material, mas também, uma pobreza assente na perca da esperança e da confiança no futuro.

O Distrito de Portalegre sempre foi esquecido pelo poder central, em termos do seu desenvolvimento de forma sustentada. Para inverter esta situação e, considerando que temos cada vez menos força política, em termos de representatividade nos órgãos do Estado, é necessário deixar querelas caseiras e, em conjunto, unirmos esforços no sentido de chamar a atenção para o não aproveitamento das potencialidades endógenas e do capital humano e intelectual das nossas gentes.

É urgente o combate à desertificação populacional, captar investimento produtivo, melhorar a qualidade de vida das pessoas e devolver a esperança, porque, a saída da crise económica e social em Portugal, ainda demora e, no caso do Distrito de Portalegre, perdurará se nada fizermos para a combater.

Portalegre, 2 de Novembro de 2009
Elicídio Bilé (Presidente da Cáritas Diocesana)

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