Portalegre-Castelo Branco: Secretariado da Juventude quer lançar um «projeto de integração» de jovens migrantes

«Percebemos que são muitos e que não estão bem integrados» – Irmã Fernanda Luz

Foto: Comissão de Gestão do Património Religioso – Diocese de Portalegre-Castelo Branco

Portalegre, 22 nov 2025 (Ecclesia) – O Secretariado Diocesano da Pastoral da Juventude e das Vocações de Portalegre-Castelo Branco criou “um projeto de integração dos migrantes”, que tem como destinatários jovens estudantes.

“Nós temos na diocese os dois politécnicos, e um pedacinho de um politécnico em Abrantes, vêm muito, sobretudo para Portalegre e Castelo Branco, jovens dos PALOP, que têm tudo o que precisam materialmente, mas depois não têm o acompanhamento, a proximidade”,  disse a irmã Fernanda Luz, em declarações à Agência ECCLESIA.

A diretora do Secretariado Diocesano da Pastoral da Juventude e das Vocações de Portalegre-Castelo Branco recorda que uma jovem da América Latina, da Venezuela, partilhou que se sentia “perdida”, porque não tinha quem lhe desse a bênção, “porque lá os países têm as suas dificuldades, mas têm quem os escute, quem diga, pronto, esta é a tua casa”.

“Fazermos isso é o objetivo do projeto, é que os jovens que estão connosco se sintam em casa, não só nas universidades, nos politécnicos, mas também nas escolas secundárias e básicas, mas pensando em jovens é nas escolas secundárias; da nossa parte, da parte dos jovens, o que eu percebo é total abertura; os mais velhos que são os que sentem mais racionalmente a situação de rejeição são aqueles por onde entendemos que havíamos de começar”, desenvolveu.

Segundo a irmã Fernanda Luz são “uns 200” jovens que querem ajudar em Castelo Branco e Portalegre, “pelo menos”, e já apresentaram este “projeto de integração dos migrantes, pensando nos jovens”, à Fundação Jornada do Patriarcado de Lisboa, que está a receber candidaturas para apoiar iniciativas promovidas ou centradas em jovens, com idades entre os 15 e os 35 anos, no programa ‘Jovens, agentes de Esperança’.

“Percebemos que são muitos e que não estão bem integrados, e que há queixas porque nas residências as coisas não funcionam bem. Porque nós também não os sabemos acolher, e nessa linha percebemos que é um ponto que temos de trabalhar e os nossos jovens são tão generosos que vão conseguir integrar. E são eles que têm de integrar, quer nas escolas, quer nas universidades, nessa linha é que o projeto nasceu”, acrescentou a religiosa salesiana.

O projeto, salienta a irmã Fernanda Luz, é na linha formativa, mas também na linha de encontrar propostas de “trabalho e fixação”, porque normalmente vão estudar mas, depois, regressam, e se quiserem ficar no território da Diocese de Portalegre-Castelo Branco que “tenham essa possibilidade”, falando com autarquias, empresas, para conseguirem uma “integração mais humana”.

Sobre os espaços físicos realça que contam “com as paróquias”, porque não querem “construir nada”, e há de ser onde esses migrantes estão, sobretudo Portalegre e Castelo Branco, e caso não consigam o apoio da Fundação Jornada vão fazer o que puderem “em cada local, envolvendo as autarquias, pessoas de boa vontade, parcerias”.

A partir da realidade onde vive, em Chainça e Abrantes, considera que dão “o peixe mas não a ensinar a pescar”, ajudam com “alguma coisa na integração”, e apesar de haver projetos onde dão explicações, “é muito pouco comparado com tudo aquilo a fazer, sobretudo em mudar a mentalidade”.

“Os gritos que se ouvem da Comunicação Social entra sem nós queremos, e nós temos que tentar fazer isso com a nossa perspetiva cristã. Essa mudança de mentalidade penso que tem de ser feita em todos os lugares; Para nós, católicos, falar de migrantes é falar de irmãos.”

O primeiro ‘Fórum Migrações’, promovido pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), vai estar em destaque no Programa 70×7 este domingo,  às 17h30, na RTP2.

A diretora do Secretariado Diocesano da Pastoral da Juventude e das Vocações de Portalegre-Castelo Branco também participou neste encontro nacional realizado há uma semana, em Fátima, e adianta que ajudou-a “a ter os ouvidos mais destapados e os olhos mais abertos”, sobretudo para envolver o meio, as pessoas à sua volta, as instituições, e tentar também mudar “esse olhar, esse ouvido, esse coração aos que estão fora”.

LJ/CB/OC

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