Portalegre-Castelo Branco: «Na Igreja não há estrangeiros, nem irmãos de segunda» – D. Pedro Fernandes

Novo bispo diocesano foi ordenado na Sé de Portalegre e afirmou a sua «oposição a todas as formas de intolerância»

Foto: João Cláudio Fernandes

Portalegre, 16 nov 2025 (Ecclesia) – O bispo de Portalegre-Castelo Branco assumiu hoje, na Sé daquela cidade onde decorreu a ordenação episcopal, um compromisso com os migrantes e mais excluídos da sociedade, e afirmou que “na Igreja não há estrangeiros”.

“Contem com a minha oposição a todas as formas de intolerância e a exclusão injusta. Peço a Cristo que nos conceda a graça de estar com Ele e n’Ele, ao serviço dos mais frágeis, assumindo os quatro verbos que os Papas Francisco e Leão XIV sublinharam para descrever a solicitude cristã relativamente aos migrantes: acolher, proteger, promover e integrar”, afirmou.

Na alocução que realizou no final da celebração, D. Pedro Fernandes referiu que estas atitudes se aplicam “também com igual pertinência a todas as pessoas magoadas pela exclusão, pelos discursos de ódio ou pela indiferença que mata”.

“Na Igreja não há estrangeiros, nem irmãos de segunda”, sublinhou.

Aos migrantes, aos membros de comunidades minoritárias, aos portadores de deficiência, aos reclusos, aos solitários, aos doentes e idosos, a todos, quero dizer que tudo farei no que possa estar ao meu alcance para que a Igreja seja mesmo a sua casa, onde se sintam acolhidos, protegidos, promovidos e integrados”, garantiu.

D. Pedro Fernandes foi nomeado bispo da Diocese de Portalegre-Castelo Branco pelo Papa Leão XIV, a 7 de outubro, sucedendo a D. Antonino Dias que renunciou por motivos de idade.

Na primeira vez que se dirigiu à diocese depois da ordenação episcopal, o novo bispo deixou também “uma palavra especialíssima de comunhão com os jovens” da diocese.

“Estamos juntos. Contemos uns com os outros. Vocês são preciosos aos olhos de Jesus Cristo, que vos ama infinitamente, vos chama e vos envia. Muitos de vocês se interrogam sobre o sentido da vida e sobre os próprios projetos e vocações. Com João Paulo II, repito a convocação. Não tenham medo. Abram, escancarem as portas a Cristo”, exortou.

O novo bispo expressou o desejo de “resistir a todas as formas de falsidade que destroem a família, os valores autenticamente humanos e o respeito pela liberdade e pela dignidade das pessoas, sobretudo as mais frágeis”.

A alocução assinalou também a “injusta redução para uma periférica situação de interioridade secundarizada e não suficientemente atendida” que, segundo D. Pedro Fernandes, “tem posto a população” daquelas terras, abrangidas pela diocese, “numa posição de crónica carência e desigualdade”.

“Estar ao lado do povo de Deus é subscrever também esta causa da igualdade e da justiça”, realçou, na igreja que encheu para assistir à tomada de posse, reunindo padres, bispos, religiosos e religiosas, familiares e amigos de D. Pedro Fernandes.

Na celebração, em que lembrou as comunidades que serviu em Portugal e no exterior, o novo bispo lembrou que todos, irmãos e irmãos da diocese, “são presença viva de Cristo missionário”: “Todos vocês são missão. Junto-me a esta viagem feliz e agradeço a vossa hospitalidade. Quero caminhar de perto com todos”.

A todos os batizados e batizadas, deixem-me dizer que a Igreja somos todos nós. Não se tratará apenas de dizer que sou eu que conto com a vossa colaboração para o meu trabalho, mas sobretudo que são vocês que poderão contar sempre comigo”, expressou.

No final do discurso, o bispo agradeceu a D. Antonino Dias, ressaltando os “muitos anos de sangue, suor e lágrimas que passou ao serviço” da comunidade diocesana, que são por ele bem reconhecidos, bem como por aqueles que compõem a diocese e “ainda mais por Deus”.

“Para uma tal doação de vida no ministério episcopal, todas as palavras de agradecimento soam a pouco. Simplesmente espero estar à altura do legado pastoral que recebo deste meu antecessor. Continuamos com ele como sabemos que continuará connosco”, referiu.

Por último, D. Pedro Fernandes expressou que espera dos diocesanos “muita disponibilidade” para lhe ensinarem “caminhos comuns”, “muita paciência” com as suas “demoras e tantos limites” e “muito compromisso missionário”.

“Diz-nos Jesus que sem ele nada podemos fazer. E sabemos nós que também nada podemos fazer uns sem os outros”, enfatizou.

novo bispo da Diocese de Portalegre-Castelo Branco nasceu a 22 de junho de 1969 em Lisboa; frequentou o primeiro ano de Teologia na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, e em 1988, ingressou na comunidade de estudantes Espiritanos do Restelo, em Lisboa, onde prosseguiu os seus estudos enquanto desenvolvia trabalho pastoral.

LJ/PR

Portalegre-Castelo Branco: Presidente da Conferência Episcopal ordenou bispo D. Pedro Fernandes (c/ fotos)

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