Organismo laical pede «atenção, informação e a formação de consciências livres, capazes de um discernimento sério»

Portalegre, 28 mai 2025 (Ecclesia) – A Comissão Diocesana Justiça e Paz de Portalegre-Castelo Branco alertou para “forças populistas e autoritárias” que usam símbolos e ações religiosas católicas nas suas ações de campanha, em Portugal.
“A atenção, a informação e a formação de consciências livres, capazes de um discernimento sério – sobretudo quando se trata de coisas que parecem boas à partida, mas cujos frutos contradizem o Evangelho e a Doutrina – são mais necessárias que nunca para o aumento da esperança das gerações atuais e futuras deste mundo e de Portugal em concreto”, refere o organismo católico.
No comunicado ‘Esperança e Discernimento Político’, enviado à Agência ECCLESIA, a Comissão Diocesana Justiça e Paz de Portalegre-Castelo Branco assinala que se vivem “tempos muito complexos em termos políticos”, mas a Igreja Católica tem de “concretizar novas formas da sua (constante) opção preferencial pelos pobres, pelos mais vulneráveis e desesperados da sociedade” que, “não poucas vezes”, na prática pastoral ficaram para segundo plano, em detrimento de outras questões.
“No fundo, ao afirmar que tal como é sagrada a vida do nascituro, ‘igualmente sagrada é a vida dos pobres que já nasceram e se debatem na miséria, no abandono, na exclusão, no tráfico de pessoas, na eutanásia encoberta de doentes e idosos privados de cuidados, nas novas formas de escravatura, e em todas as formas de descarte’”, acrescenta, citando a Exortação Apostólica ‘Gaudete et Exsultate’ (Alegrai-vos e exultai), do Papa Francisco.
Segundo o organismo católico, o aparecimento de forças políticaa que recorrem a símbolos e ações religiosas, tornou-se “um grande desafio para as consciências católicas”, no combate ao desespero, “passando o discernimento a precisar de ser mais refinado”, alertando para o crescimento de “partidos autoritários, de extrema-direita e antissistema”.
“Há quem afirme, em nome de um determinado entendimento da laicidade do estado de Direito, que a Igreja Católica não se deve imiscuir nos assuntos políticos. Por outro lado, há quem argumente que a Igreja Católica deveria ter um pensamento único em termos políticos, ou estar vinculada a um determinado quadrante político ou mesmo a um determinado partido”, acrescenta a comissão que tem como missão ‘promover e defender a Justiça e a Paz, à luz do Evangelho e da Doutrina Social da Igreja’.
Neste contexto, o organismo laical diocesano de Portalegre-Castelo Branco explica que nenhuma das duas posições “fazem sentido” segundo a Doutrina Social da Igreja Católica, “não pode haver posicionamento ideológico por parte da Igreja”, mas tem de existir “uma centralidade da pessoa humana, à qual tudo se deve ordenar”.
O comunicado ‘Esperança e Discernimento Político’ assinala que o Leão XIV, o novo Papa, “já demonstrou preocupação com a democracia”, enquanto a proposta política de Francisco resumia-se “na expressão cultura do encontro”, e São João Paulo II afirmou que “todos os caminhos da Igreja levam ao homem”.
CB/OC