Desemprego e fim do período de atribuição de subsídios deixou muitos agregados «sem quaisquer recursos», alerta responsável da instituição
Portalegre, 05 mar 2012 (Ecclesia) – O número de famílias apoiadas pelos serviços centrais da Cáritas de Portalegre-Castelo Branco sofreu um aumento de 30 por cento nos dois primeiros meses deste ano, adiantou hoje o presidente daquele organismo.
Em declarações à Agência ECCLESIA, Elicídio Bilé realçou que este ano “subiu não só o número de famílias que procuram ajuda” – cerca de 420 no final de 2011 – “mas também a gravidade dos problemas”.
“Há famílias que se começaram a desestruturar por causa do desemprego, de acusações mútuas, e pessoas que não davam a cara mas que agora vêm ter connosco”, adiantou aquele responsável.
A crise económica levou ao encerramento de várias indústrias na região, tradicionalmente ligada às áreas da cortiça e dos lanifícios.
Por outro lado, as empresas ligadas ao comércio e serviços “estão a diminuir drasticamente” e a agricultura não se tem mostrado uma alternativa viável de subsistência.
Muitos agregados familiares viram terminar o período de atribuição dos subsídios de desemprego e de reinserção social, do qual dependiam há anos, ficando assim “sem quaisquer recursos”, salientou o presidente da Cáritas diocesana, recordando também as dificuldades económicas e logísticas que afetam os doentes mais carenciados.
“São várias as pessoas que precisam de um meio adicional de diagnóstico e só conseguem obter esse serviço deslocando-se centenas de quilómetros, até Lisboa ou Coimbra, porque aqui os serviços estão cada vez mais a fechar”, lamentou.
A “grande prioridade” do organismo católico tem passado pela “organização de grupos de ação social em cada paróquia”, que sejam capazes de atender às necessidades económicas e humanas das pessoas.
Para combater o desemprego, foi criado um departamento de apoio onde são divulgadas as diversas ofertas de trabalho e de formação profissional que estão à disposição.
“Quem trabalhou uma vida na indústria corticeira e ficou de repente sem perspetivas, com 45, 50 anos de idade, precisa muitas vezes de uma reconversão profissional e nós tentamos ajudar, através da orientação vocacional”, exemplifica o presidente.
Segundo este responsável “começam a surgir muitos jovens” que tentam a sua sorte noutros pontos do país e na Europa, “sobretudo em Espanha”.
Esta situação já levou a Cáritas de Portalegre-Castelo Branco a fazer um protocolo de colaboração com algumas congéneres espanholas, em zonas como Badajoz, Cáceres e Salamanca.
“Dado que os problemas são comuns, queremos ver onde é que podemos cooperar para minorar algumas situações”, revelou Elicídio Bilé.
Em busca de “melhores respostas” para os problemas, a Cáritas local pretende “gerar cada vez mais comunhão entre todos os serviços, obras e movimentos eclesiais” existentes no território.
Uma intenção que marcou os trabalhos da 3ª Assembleia Diocesana de Pastoral Social, realizada este sábado no Centro Social de Ponte de Sôr, em Portalegre, subordinada ao tema ‘Compromisso Solidário dos Cristãos na Sociedade’.
JCP