Portalegre: Ambiente de «serenidade» marcou funerais das vítimas de acidente na Sertã, diz capelão hospitalar

«Independentemente dos sentimentos que passavam pelos seus corações, as pessoas conseguiram manter uma certa estabilidade emocional»

Portalegre, 29 jan 2013 (Ecclesia) – O ambiente vivido esta manhã em Portalegre, durante os funerais de algumas das vítimas do acidente de autocarro ocorrido no domingo próximo da Sertã, foi de “consternação mas também de grande serenidade”, relatou o capelão do hospital local.

“Independentemente dos sentimentos que passavam pelos seus corações, as pessoas conseguiram manter uma certa estabilidade emocional”, apesar “da dimensão da tragédia”, que causou 11 mortos, e da “pequena dimensão de Portalegre, cidade que está de luto”, afirmou à Agência ECCLESIA o padre José Lourenço.

O sacerdote de 45 anos, responsável por uma das duas paróquias de Portalegre, esteve segunda-feira no Hospital Dr. José Maria Grande, na cidade, para acompanhar alguns dos feridos e familiares, tendo testemunhado um “misto de sentimentos”.

O pároco sentiu nos feridos a estupefação de se perguntarem “como foi possível o acidente”, a par da “revolta”, da “preocupação com familiares que também foram internados” e da “consternação pelas pessoas que faleceram”

“Em regra geral estão com alguma serenidade, depois do momento inicial, e aos poucos vão digerindo o choque. Não é que os acontecimentos não lhes custem nem doam profundamente, mas progressivamente vão integrando o que se passou”, assinalou.

Referindo-se ao trabalho esperado nestas ocasiões por parte de um capelão hospitalar, o também diretor do Secretariado da Pastoral da Saúde da Diocese de Portalegre-Castelo Branco sublinhou que a “primeira atitude” é “estar com o doente e comungar a sua dor, experimentando a compaixão e a empatia”.

“Mas também temos de criar uma certa distância para podermos ser apoio e ajuda. Importa mostrar a nossa presença, às vezes nem tanto por palavras mas sobretudo pela disponibilidade e prontidão, respeitando quer o que as pessoas dizem quer o seu silêncio”.

A ação do capelão hospitalar estende-se a doentes e familiares, bem como aos profissionais de saúde, “que devem ter defesas e manter alguma distância, mas não têm nenhuma carapaça e também se deixam tocar pelos acontecimentos”

“O primeiro impacto” do acidente que o padre José Lourenço recebeu foi precisamente de uma psicóloga destacada para acompanhar as vítimas e familiares: “Temos de nos apoiar uns aos outros. É esta proximidade e esta rede de relações que nos ajuda a caminhar em frente”.

O autocarro sinistrado, de matrícula espanhola, transportava um grupo com mais de 40 pessoas que se dirigia de Portalegre a São Paio de Oleiros, Santa Maria da Feira, para visitar o denominado “maior presépio do mundo em movimento”, tendo-se despistado e caído numa ravina, 200 km a nordeste de Lisboa.

Dez das vítimas mortais moravam no Concelho de Portalegre e uma residia em Assumar, Concelho de Monforte.

RJM

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