Por uma renovação sustentada da liturgia

«Não se inventa um ritual; ele está, por natureza, programado com antecedência, o que lhe permite ao mesmo tempo ser reiterado de forma idêntica, com intervalos regulares, cada ano, estação, semana ou também em cada estação da vida humana, em cada geração ou para todo o acontecimento importante para a vida do grupo». Foi com esta ideia que o cónego Manuel Joaquim da Costa abordou ontem o tema sobre a “Ritualidade simbólica e incarnação da fé”, admitindo também que «os ritos são portadores de ambiguidades e, por isso, são capazes do melhor e do pior do ponto de vista cristão». Na última conferência da XV Semana de Estudos Teológicos, dedicada à “Transmissão da fé”, o pároco da Sé de Braga não só criticou a «corrente hierática e fixista», mas também os exageros da «banalização-desprogramação » da liturgia. «O problema é de situar a liturgia entre os horizontes do “demasiado” e do “insuficiente”». Para o conferencista, é preciso ter cuidado e não enveredar pelo «cerimonial obsessivo», caracterizado por uma «formalização rigorosa e rígida»; nem seguir uma «banalização dos ritos, sob pretexto de estar “na vida”, num linguagem, gestos e objectos que pretendem situar- se no ambiente do quotidiano, muitas vezes enrolados num verbalismo explicativo e moralizador». «É importante procurar pacientemente qual é a expressão corporal ou quais são as fórmulas rituais e sociais da fé evangélica», disse o sacerdote, lembrando que «o debate entre a palavra evangélica e os ritos ou os gestos corporais é permanente no cristianismo». «Mas estes [ritos e gestos corporais] devem purificar-se sem cessar, para não fecharem os crentes na sua sensibilidade ou apetite religioso subjectivista. Isto tem que ser feito na serenidade e na reflexão atentas nas quais terá que caber a Igreja, o mundo, a cultura, as comunicações, os ambientes, políticas… toda a rede cuja malha passa pela realidade das nossas vidas», afirmou o cónego Manuel Joaquim da Costa. A cerimónia de encerramento da XV Semana de Estudos Teológicos foi presidida por D. Jorge Ortiga.

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