Por uma Igreja comunitária e missionária

D. Manuel Pelino, Bispo Emérito de Santarém

No início do ano pastoral, as comunidades cristãs procuram pôr em movimento várias atividades pastorais que integram a missão da Igreja. Como alicerce, a catequese para os mais novos e a formação cristã para todas as idades. A animação da liturgia, cume e fonte de todas as atividades pastorais, necessita igualmente de vários serviços e organismos preparados como: grupo coral, acólitos, leitores, acolhimento, zeladores (as). Não pode esquecer-se também a terceira função pastoral, a atividade, social, caritativa e económica, que traduz a prática do amor cristão. Na missão da Igreja, são ainda importantes, onde for possível funcionarem, os “Movimentos Eclesiais”, dedicados à espiritualidade, ao apostolado e à construção do reino de Deus. Nem todas as paróquias têm recursos pastorais para pôr em funcionamento este leque amplo de serviços e movimentos. Mas em todas, precisamos de cuidar de duas dimensões básicas comuns a todos os organismos da Igreja: A vida comunitária e o sentido de missão. De facto, a evangelização não depende, da quantidade de organismos, mas, primeiramente, da vida comunitária e missionária dos fiéis. Não é apenas pelas atividades que realiza, mas pela forma como vive e pela imagem que mostra que a Igreja se torna sacramento de Cristo. Realmente, não deve entender-se como uma estação ou agência de serviços religiosos, mas como uma casa de família fraterna e acolhedora que continua a missão de Jesus.

Como afirmamos no Credo, a Igreja é, essencialmente uma “comunhão dos santos”, designação que todos devemos merecer. Segundo a expressão do Livro dos Atos dos Apóstolos, reinava, nessa altura, entre os fiéis “a união de almas e de corações” e, por isso, a Igreja crescia continuamente, pois a missão nasce da comunhão com Deus e com os irmãos (cf Atos, 2, 42-47). São esta notas, comunhão e missão, que devem caraterizar todas as paróquias e cada grupo e organismo que as integram. Assim, os fiéis e os grupos que colaboram na pastoral devem ser fermento de vida comunitária e de dinamismo missionário na paróquia. Na verdade, são células da Igreja e colaboram na mesma e única missão que integra as funções profética (anúncio da Palavra de Deus), sacerdotal (celebração da fé na liturgia) e real (vida comunitária e missionária). Cada grupo não pode, pois, olhar só para o seu interior, mas abrir-se à vida comunitária e missionária na Igreja, a começar pela paróquia.

Na realidade pastoral, porém, verifica-se muito individualismo, alheamento da vida comunitária, protagonismos, concorrências e divisões. Para revitalizar a comunhão e a missão é indispensável, portanto, identificar estes obstáculos e combatê-los pela conversão interior e pastoral. Ora a verdadeira conversão alcança-se cultivando a espiritualidade na escuta meditada e orante da Palavra de Deus, na assiduidade aos encontros de formação e na participação consciente e frutuosa na eucaristia dominical. Não faz sentido que um grupo pastoral (catequese, liturgia ou caridade) não se esforce por participar ativamente na assembleia comunitária que celebra o domingo. A eucaristia constitui, realmente, a fonte e a manifestação mais importante da comunhão e da missão. Procurem, pois, contribuir todos para que se torne um verdadeiro encontro festivo da família cristã onde toda a gente se sinta em casa.

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Agência ECCLESIA

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