Por Cristo, apaixonadamente

Catarina Gonçalves, Diocese de Lamego

Existe uma falsa liberdade no ar. Uma vontade voraz de derrubar o que é eterno, mascarando com uma paleta de cores diversas e atrativas tudo aquilo que escapa em breves instantes por entre os dedos. No coração jovem de quem dá os primeiros passos na história da vida, vai ficando um vazio impossível de preencher. Uma ânsia que não tem nome. Com todo o tempo pela frente, falta sempre tempo, e faltam as palavras para dar forma àquilo que o coração procura e não encontra. Vivemos num Mundo às avessas. Que, afastado de Deus, procura dar conteúdo àquilo que só o Criador pode preencher. Ecoam nas ruas promessas de um amor que se diz livre, mas que vive aprisionado na vontade de cada um. Poemas que nos desafiam ao instante, à vontade de cada momento, ao desapego, e ao individualismo. E o que fica, é apenas um ténue resquício de humanidade. Uma lembrança do que já foi, do que podia ter sido, e do que ainda não é. O que não falta são ofertas – de tudo poder ser, tudo poder fazer, e tudo poder decidir. Mas todas se baralham e na alma jovem continua um vazio que não se deixa preencher. Porque aquilo que o coração procura, não se encontra no Mundo, nem mesmo dentro de cada um. Procuram-se diferentes nomes e diferentes histórias para falar de Deus. Mascarando o Seu nome, e impedindo que as palavras O gritem em liberdade. E ergue-se o desespero de enjaular todos os sinais e todas as manifestações de uma fé impossível de domar. O Mundo continua a viver preso no Éden. Continua a julgar poder ser maior que o Criador. Continua em guerra com Aquele que já venceu todas as batalhas. E os tempos sucedem-se, e por mais que os tumultos se ergam, por mais que os movimentos se adensem no sentido de derrubar a Palavra, o Madeiro continua de braços abertos para o Mundo, silenciosamente, gritando bem alto o Amor.

Porque enquanto houver dois ou três, aí estará a Verdade. E ainda há tantos espalhados pelos quatro cantos desta Terra, dispostos a dar a vida. Ainda há jovens apaixonados por Cristo. Ainda há jovens disponíveis para o silencio e a oração. Dispostos a escutar o outro e a abraçá-lo. A falar a palavra da verdade, mesmo que doa, mesmo que vá contra a corrente. Jovens dispostos a defender a Vida. A dar o corpo às balas para dizer “não” a tudo aquilo que possa atentar contra ela. Ainda há jovens sem medo de falar de Deus. De gritar que só Ele é capaz de preencher os vazios que inundam a realidade dos dias. Que só em Cristo é possível encontrar a verdadeira felicidade. Jovens que descobriram que só amarrados ao Evangelho poderão ser livres. E não é uma liberdade de impõe. É uma liberdade que se busca. Uma liberdade que nasce da certeza de que a eternidade já foi conquistada para nós. E que o caminho é aberto a todos. A liberdade de quem já não pode mais ter medo, porque tem um Salvador. Porque é herdeiro do Mestre do tempo e da história. E não há manifestações, revoltas ou decretos que possam ecoar mais alto que a vida daqueles que se sabem amados. Aqueles que descobriram que o verdadeiro Amor tem apenas um nome, e a todos persegue. E dá-se. E não se cansa. E é eterno. Ainda há jovens que se entregam à missão de revelar ao Mundo o autor da música que os faz dançar. E seguem “irritantemente felizes”, apesar das tempestades, tateando as contas do rosário da vida, na certeza de que, tudo vale a pena para aqueles que se atrevem a caminhar com o Ressuscitado. É este o tempo a que somos chamados. É aqui que Cristo nos desafia a ser a paleta de cores da aliança do seu Amor. Que o façamos sem medo, e de braços abertos ao Mundo.

Catarina Gonçalves
Paróquia de Almacave e membro da Comissão Diocesana de Proteção de Menores e Pessoas Vulneráveis.

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