«As pessoas que chegam aqui estão traumatizadas, profundamente angustiadas» – Andzela
Lisboa, 23 mar 2022 (Ecclesia) – A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) na Polónia está a apoiar o acolhimento dos refugiados da Ucrânia, com o apoio de muitos voluntários, como a ucraniana Andzela que explica aos compatriotas que “estão em boas mãos”.
“As pessoas que chegam aqui estão traumatizadas, não sabem o que o futuro lhes reserva e estão profundamente angustiadas”, conta Andzela, divulga o secretariado português da AIS, em informação enviada à Agência ECCLESIA.
A voluntária ucraniana, que vive em Wroclaw há dois anos, é a responsável pelo espaço de apoio psicológico da fundação pontifícia nesta cidade polaca e explica aos refugiados da Ucrânia, que trazem histórias cada vez mais dramáticas, que “estão em boas mãos”.
A AIS contabiliza que já chegaram mais de 1,5 milhões de ucranianos à Polónia, em Wroclaw, que tem sido uma “porta de entrada para milhares de ucranianos”, a fundação tem também um local próprio para as mães e as crianças, um centro de assistência médica, e o seu escritório é um espaço privilegiado na cidade.
“Foi um ato da providência de Deus que tivéssemos o nosso escritório mesmo ao lado da estação ferroviária de Wroclaw”, assinalou o padre Andrzej Pas, sobre uma presença que existe há dois anos.
O sacerdote explica que quando os refugiados chegam, “aterrorizados e exaustos”, os voluntários da fundação pontifícia já lá estão “para ajudar”.
“As pessoas que saem dos comboios são imediatamente informadas pelos voluntários onde podem ir receber ajuda”, acrescenta o padre Andrzej Pas, que é o responsável pelo voluntariado.
Julka, uma das voluntárias mais antigas da Ajuda à Igreja que Sofre na Polónia, observa que todos querem ajudar e ficou surpreendida com o número de pessoas que se disponibilizam junto da fundação, “por vezes trabalham 24 horas por dia”.
“Os donos de restaurantes trazem sopa e sanduíches, e muitas pessoas estão a oferecer ajuda para cozinhar panelas de sopa, guisado e tachos de comida”, exemplificou.
Sobre as doações que recebem, o padre Andrzej refere que pedem às pessoas “coisas novas e não usadas”, no caso da comida, pedem “com um prazo de validade grande”.
Um dos voluntários é Damián, um jovem seminarista que todos os dias viaja cerca de 40 quilómetros do seminário de Salvatorian, em Bagno, até Wroclaw.
“Só temos aulas até ao meio-dia, por isso estamos aqui a oferecer ajuda. Metade dos seminaristas têm ajudado nos últimos dias”, explicou.
A guerra na Ucrânia começou na madrugada de 24 de fevereiro, com a entrada das tropas russas neste país, e a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre que apoia a Igreja na Ucrânia, há mais de 40 anos, aprovou no mesmo dia uma “ajuda de emergência imediata de 1 milhão de euros”.
CB/OC